Comediantes processam polícia do aeroporto após constrangimento na porta do avião

Dois comediantes estão processando o departamento de polícia do Aeroporto Internacional de Atlanta por tê-los levado de maneira “coercitiva” durante o embarque num voo, alegando que estão perfilando pessoas negras e sujeitando-as a constrangimento.

O processo foi aberto na terça-feira por advogados que defendem os atores Eric André e Clayton English, que pede ao tribunal para encerrar o controverso “programa de parada de pontes de embarque” do Departamento de Polícia do Condado de Clayton.

Como o nome indica, o programa envolve dois ou três policiais de pé em uma ponte de embarque enquanto os passageiros estão embarcando em um avião e parando “aleatoriamente” as pessoas enquanto elas caminham em direção à aeronave. Seu objetivo é encontrar comportamentos suspeitos e envolvimento com drogas.

Em 21 de abril de 2021, Eric estava voando de Atlanta para Los Angeles quando foi interceptado por dois policiais. Eles o interrogaram por cinco minutos, durante os quais perguntaram se ele estava carregando drogas ilegais, enquanto outros passageiros “olhavam” para ele enquanto passavam. Eric foi autorizado a embarcar no voo, mas diz que o encontro com os policiais foi uma “experiência humilhante e degradante”.

“É difícil acreditar que fui selecionado ‘aleatoriamente’ para interrogatório”, disse Eric sobre o encontro. “Eu não vi nenhum outro negro embarcando naquele voo.”

Clayton teve uma experiência muito semelhante ao embarcar em um voo para Los Angeles apenas seis meses antes, em outubro de 2020.

“Nem os moradores da Geórgia nem os viajantes estão mais seguros por causa dessas paradas ilegais e discriminatórias”, comentou Richard Deane, do escritório de advocacia Jones Day, que representa os dois comediantes.

Na ação, os advogados argumentarão que “ao parar os passageiros dessa maneira, os oficiais da Unidade agravam a enorme e preexistente compulsão de cooperar com a polícia aeroportuária, explorando o medo dos passageiros de criar uma cena desagradável ou parecerá culpado, subversivo ou perigoso para seus companheiros de viagem”.

“Essas pressões são ainda maiores para pessoas de cor, dado o histórico de discriminação racial por parte dos seguranças dos aeroportos”, continua o processo.

Um estudo da Open Records Act concluiu que 56% dos passageiros parados durante um período de oito meses eram negros. Pesquisadores do Policing Project, que está apoiando Eric e Clayton, dizem que, quando comparados com a porcentagem de passageiros negros de companhias aéreas, as chances de que passageiros negros tenham sido selecionados aleatoriamente para essas paradas é menor que uma em 100 trilhões.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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