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Como os caças antigos da FAB foram entregues ao Brasil?

A entrega dos novos caças Gripen NG da Força Aérea Brasileira (FAB) por meio de navios gerou muita discussão nas redes sociais. Mas, como esse transporte era feito no passado?

Mirage 2000C © FAB

Os dois primeiros caças de série F-39E Gripen NG chegaram na semana passada ao Brasil, após uma viagem de 20 dias de navio da Suécia até Santa Cantarina, onde aportaram no Porto de Navegantes.

A operação dividiu opiniões após uma matéria especial elencar os principais motivos da operação ser feita de navio e não voando. Mas o histórico da própria FAB não traça uma linha única sobre o tipo de operação, e para averiguar isso voltamos no tempo, conversamos com “fabianos”, como são chamados os veteranos da Aeronáutica, e também consultamos mídias históricas.

Gloster F-8 Meteor

O primeiro caça a jato, de fato, da FAB foi o Gloster Meteor britânico, que foi adquirido pelo Brasil após um escambo envolvendo o algodão brasileiro e os caças do Reino Unido.

Segundo os militares, os aviões chegaram em 1953, embarcados em navios que atracaram no Porto do Rio de Janeiro. Encaixotados, eles foram levados até a Base Aérea do Galeão, onde foram montados.

Em conversa com Luiz Carlos Mendes, que foi tripulante do C-130 Hércules por muito tempo na FAB, um desses 60 caças Meteor se perdeu no meio das caixas e foi encontrado anos depois em São Paulo, intacto, numa confusão do estoque.

F-8 no Museu da TAM © FAB

F-80 Shooting Star

Após a era do Meteor, veio o americano F-80 Shooting Star, versão de caça do treinador avançado TF-33 Thunderbird, também operado no Brasil.

Foram 33 aviões que voaram na Força Aérea Brasileira, de 1958 a 1973. Infelizmente existem poucas informações sobre o voo de translado deles, mas todas apontam para o translado feito por pilotos brasileiros dos EUA até o Brasil, com várias escalas.

Mirage III

Os primeiros Deltas brasileiros, como são chamado os caças por suas asas em forma um triângulo visto de cima (como o próprio Gripen), foram os franceses Mirage III.

Estes caças foram os primeiros supersônicos da FAB, comprados para fazer a Defesa Aérea de Brasília, a nova capital. Os pilotos brasileiros foram treinados na Base Aérea de Dijon, na França, e na época ficaram conhecidos como “Dijon Boys”.

Apesar do treinamento no exterior, similar ao feito no Gripen e outros caças, os aviões não vieram voando, e sim em C-130 Hércules próprios, como relata o site História da FAB.

Imagem: Divulgação / FAB

F-5 Tiger

Os primeiros Tigres brasileiros vieram logo após o Mirage III e marcaram uma época de ouro na FAB, que dispunha de equipamento de ponta e em alinhamento as maiores forças aéreas da época.

Como mostrado no vídeo abaixo, os primeiros F-5 vieram voando com várias escalas dos EUA até o Brasil, evitando o México que não autorizou o sobrevoo.

Já os caças da Jordânia, comprados em 2007 para suplementar a frota e servir de fonte de reposição de peças, vieram do país árabe até o Brasil de navio, desmontados, e levados até o Campo de Marte, centro de manutenção do Tigre no Brasil.

Mirage 2000

A segunda geração dos deltas franceses foi colocada na FAB como “tampão”, até que a “novela do programa FX”, que se tornou FX-2, terminasse com a seleção do Gripen.

Divulgação – FAB

Eles chegaram em 2006 e vieram direto da França, onde estavam operando antes pela Armée de L’air, a força aérea local. Este translado foi feito por brasileiros da Base Aérea de Orange, na região francesa de Provença-Alpes-Costa Azul, até Anapólis no planto central, foi bem documentado e é mostrado no vídeo abaixo:

Bônus

Um outro caça que merece destaque, e único operado fora da FAB, é o A-4 Skyhawk da Marinha do Brasil. O caça de ataque naval da era do Vietnã ainda está em operação.

Um fato curioso é que a Marinha comprou primeiro um porta-aviões, o Minas Gerais, para então procurar um caça e a autorização para ter aviões, já que operar aeronaves de asa fixa era exclusivo da FAB, o que foi quebrado durante o governo FHC em 1998.

Divulgação – Marinha do Brasil

Burocracias superadas, os 23 caças Skyhawk da Marinha do Brasil, um dos últimos A-4 a saírem da fábrica da Douglas nos EUA, chegaram no dia 5 de setembro de 1998 ao porto do Forno (Arraial do Cabo-RJ), a bordo do navio mercante Clipper Ipanema, trazendo todos os aviões adquiridos do Kuwait. Os aviões seguiram para São Pedro da Aldeia na semana seguinte por via terrestre, transportados em carretas.

Entre outros voos de entrega memoráveis estão os dos helicópteros Seahawk da própria Marinha, que chegaram praticamente inteiros em cargueiros Boeing C-17 Globemaster III ao Aeroporto de Cabo Frio.

Operação similar foi feita com os russos Mi-35M Hind (AH-2 Sabre) que chegaram para a FAB a bordo de aviões Antonov An-124 Ruslan como mostra o vídeo abaixo.

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