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A pintura é muito familiar. A proposta também. Mas os exageros chamam a atenção, e mesmo assim 6 mil pessoas foram engadas por uma companhia aérea de mentira.

O caso teve origem na Islândia, onde a companhia aérea WOW Air, essa sim real, nasceu anos atrás. A proposta da empresa era conectar os EUA e o Canadá com a Europa utilizando aviões de corredor único como o Airbus A320.
Por serem aviões menores do que os geralmente usados para cruzar o oceano, os A320 possuem um aluguel (leasing) mais em conta, precisam de menos manutenção e menos tripulantes, tudo isso resultando em um custo menor, que seria revertido em tarifas mais baratas.
A proposta da WOW Air durou apenas de 2012 à 2019. A redução do custo operacional era muito marginal, apesar de real, e não permitia que a empresa tivesse tarifas competitivas durante muito tempo sem ficar com as contas no vermelho. A concorrência fortíssima nas rotas transatlânticas também pesou contra a empresa.

O caso foi um grande exemplo de que o modelo de baixo-custo (low-cost) tem suas limitações, e foi bastante exposto em mídias globais, além de toda a exposição própria dos seus aviões roxos que chamavam atenção onde passavam.
E daí que surgiu a MOM Air, que simplesmente trocou a letra W pelo M na arte da WOW, ou melhor dizendo, só inverteu a logomarca. A proposta, além de descarada, teria cobrança de serviços ridículos, como:
- Comida da Mamãe (MOM Food)
- Tomada para carregar aparelhos eletrônicos
- Wi-Fi a bordo
- Escolha de Assento
- Bagagens
- Papel Higiênico
- Sabão
- Coletes Salva-Vidas
Sim, a empresa cobraria tudo que podia no banheiro, e até mesmo os coletes Salva-Vidas. O CEO da MOM, Oddur Eysteinn Fridriksson, não chegou a mencionar se iria diferenciar cobrança a depender do que a pessoa fosse fazer no banheiro, dando certo alívio aos futuros passageiros.
Os preços oferecidos eram ridiculamente baratos, como $9999 coroas islandesas para ir para Londres (algo em torno de R$396). Preço baixo, aliado a um site de boa aparência e com o envio massivo de comunicados a muitos jornais, revistas e portais do setor, geraram um alvoroço com milhares de seguidores nas redes sociais e 6 mil reservas de passagens aéreas.

Era brincadeirinha
Mas tudo não passou de uma brincadeira, ou melhor dizendo, um experimento social. Segundo Oddor, que, na verdade, é um artista e não um milionário para fundar a empresa, o objetivo era mostrar a subjetividade das coisas na atualidade.
“Mostrar exatamente como a nossa realidade é obscura, como somos levados pelo marketing, e que apenas montando um website e enviando comunicados à imprensa, viramos o mundo de cabeça para baixo”, afirmou Oddur à CNN, em alusão ao nome WOW invertido para MOM.
A habilidade artística do “CEO” não veio à toa: seu pai fez parte do design original da WOW Air, incluindo as embalagens de bebidas e comidas.
Já as ideias malucas como vender colete salva-vidas, papel higiênico, hotéis pagando parte da passagem e até promover voos COVID, onde teriam só passageiros que testaram positivo, é puramente de Oddur.
Vale destacar que nenhuma pessoa que reservou a passagem saiu no prejuízo: o serviço de pagamento do site da empresa (que ainda está no ar clicando aqui) não foi plenamente implementado.
Isto fazia parte de outra estratégia que seria exclusiva na empresa: permitir que os passageiros pagassem a tarifa apenas 3 dias antes do voo.
Portanto, tudo não passou de uma (grande) brincadeira, que é, na verdade, um teste de como a sociedade responde à imprensa e o que é divulgado pela web.
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