Companhias aéreas confiam na resiliência argentina após as eleições

Imagem: Florian Klebl via Flickr

Cancún, México – Na conferência de imprensa na Assembleia Geral Anual (AGM) da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA), e durante um dos momentos-chave do evento, o painel de CEOs abordou o resultado das eleições presidenciais na Argentina, onde o candidato peronista Sergio Massa saiu vitorioso (embora tenha enfrentado um 2º turno onde enfrentará Javier Milei).

Sem entrar em detalhes profundos, os quatro executivos que participaram do painel deste ano concordaram que as companhias aéreas são resilientes e estão sempre trabalhando para melhorar sua flexibilidade para se adaptar às mudanças no contexto político da região, segundo informa o portal parceiro, também presente na Assembleia da ALTA, Aviacionline.

“Ficamos todos surpresos com a situação na Argentina, mas quando olhamos para a região, não é o único lugar que passou por mudanças significativas no cenário político”, disse Roberto Alvo, CEO da LATAM Airlines, empresa que tinha uma subsidiária para voos domésticos no país até 2020, mas que foi fechada por não conseguir se adaptar ao novo contexto competitivo das companhias aéreas de baixo custo e restrições do governo local na pandemia.

“Estamos em um momento em que a falta de previsibilidade política nos faz pensar em como planejar o futuro, mas acredito que isso nos obriga a buscar maneiras de ser mais ágeis como empresa. Não podemos mudar a volatilidade do ambiente, o que significa que precisamos ser mais capazes de nos adaptar no futuro”, continuou Alvo.

“Sobre o que vai acontecer na Argentina no 2º turno, não faço ideia e não me atrevo a dizer, porque qualquer coisa que eu diga provavelmente estará errada, mas espero que seja algo positivo, porque é um grande país e é uma grande pena ver como tem decaído aos poucos nos últimos 30 anos, e eu acredito que os argentinos não merecem a situação em que se encontram”, concluiu ele sobre o assunto.

Andrés Conesa, CEO da AeroMexico, por sua vez, afirmou: “Espero que as coisas melhorem na Argentina, é um ótimo país, e espero que haja mais oportunidades. Nós temos um voo diário e espero que em breve possamos ter dois voos diários.” Conesa também destacou que estão trabalhando com a Aerolíneas Argentinas por meio da aliança Skyteam.

Em termos gerais, o CEO da AeroMexico disse que a flexibilidade que possuem como empresa já lhes permitiu deixar de voar em países que não se mostraram receptivos à aviação, como Venezuela, ou na Coreia do Sul, neste caso devido ao conflito Rússia-Ucrânia, já que não podiam sobrevoar o espaço aéreo russo.

“Essa indústria em todo o mundo está sujeita a muita volatilidade, e na América Latina, ainda mais por ser uma região com crescimento desigual“, comentou Adrián Neuhauser, CEO da Avianca.

“Aprendemos a ser flexíveis, mas isso também é um alerta para investidores, reguladores, etc., de que nosso papel como companhias aéreas é mover pessoas, proporcionar acesso, conectar, estimular a economia, promover o turismo; nosso papel não é tomar posição política. Queremos continuar fazendo o que fazemos, e esperamos que isso aconteça dentro de um quadro regulatório que estimule, proteja e nos permita continuar crescendo independentemente das oscilações políticas”, continuou ele, destacando que o que é necessário são discussões técnicas que ultrapassem os governos.

Por fim, Pedro Heilbron, CEO da Copa Airlines, observou que “as companhias aéreas presentes aqui são, obviamente, resilientes e adaptáveis, que é a única maneira de durar tanto tempo na América Latina, porque não é apenas a Argentina, crises políticas, econômicas e naturais acontecem em muitos lugares, e conseguimos superá-las de uma forma ou de outra”.

“A Argentina, não sei se é uma vantagem ou não, tem uma população que viaja como poucas no mundo. Não acredito que a situação política vá mudar isso. Claro, quando há crises econômicas profundas, isso nos afeta até que se estabilize e as viagens se recuperem. Tenho fé de que, como companhias aéreas internacionais, estaremos bem no futuro lá”, concluiu Heilbron.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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