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Comunicação problemática levou Airbus A320 da Latam a colidir com caminhão de bombeiros em Lima

Nesta segunda-feira, 2 de outubro de 2023, a Agência de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (CIAA) do Peru divulgou seu relatório final sobre o acidente no Aeroporto Internacional de Lima em novembro do ano passado, envolvendo uma aeronave Airbus A320 da Latam e um carro dos bombeiros.

O relatório, em espanhol, causou polêmica por não estar em conformidade com as normas internacionais da aviação que exigem que os relatórios sejam divulgados apenas em inglês, o idioma universal da aviação. Segundo especialistas, a divulgação em espanhol dificulta a compreensão global.

De todo o modo, as investigações concluíram que o acidente foi causado por uma série de erros e falhas humanas. Durante a decolagem, um Veículo de Resgate do Aeroporto de Lima entrou na pista sem autorização da torre de controle, colidindo com a aeronave.

A cadeia de eventos foi desencadeada pela falta de planejamento, coordenação e comunicação adequados, além do não uso de padrões da Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO).

Entre os fatores contribuintes, destacam-se a ausência de uma reunião de briefing entre o aeroporto e a Autoridade de Aviação Civil após o primeiro exercício de tempo de resposta, para avaliar possíveis erros e deficiências e providenciar melhorias para o próximo exercício.

Além disso, a aceitação da proposta do aeroporto de realizar o exercício a partir de instalações não finalizadas e sem o aval da CORPAC também foi apontada como um erro. A falta de planejamento e coordenação entre o CORPAC e o aeroporto para o segundo exercício também foi citada como um fator relevante.

Isso fez com que os controladores de torre não recebessem informações suficientes sobre as novas áreas e instalações do aeroporto, o que dificultou a realização do exercício de forma segura. A aplicação incorreta dos princípios de comunicação aeronáutica também contribuiu para a ocorrência.

Os investigadores também apontaram para a falta de uso adequado da fraseologia padronizada da ICAO na comunicação entre os serviços de resgate do aeroporto e a torre de controle. Os controladores da torre não perceberam que a remoção dos cones de segurança abriu caminho para que os veículos de emergência entrassem na pista.

Ao analisar a diferença entre o planejamento do primeiro e segundo exercício de tempo de resposta, os investigadores notaram que, para este último, não havia sido realizada uma reunião conjunta para preparação e planejamento. Segundo o relatório, no dia do acidente, a torre só foi informada sobre o exercício minutos antes de seu início, o que não deu tempo hábil para avaliar os riscos e perigos envolvidos.

Durante a visita da CIAA à torre de controle, foi constatado que os controladores não possuíam informações suficientes sobre as novas instalações do aeroporto, como o local do corpo de bombeiros e novas pistas de taxiamento. A coordenação no dia do acidente entre a torre e os serviços de emergência foi feita por um supervisor que não estava familiarizado com o exercício, o que gerou uma compreensão errada dele.

Às 15h03, o supervisor dos serviços de resgate solicitou e obteve autorização para retirar os cones de segurança da pista. No entanto, omitiu informar que eles se encontravam no caminho que seria utilizado pelos veículos para chegar à pista. Isso levou o supervisor da torre a pedir esclarecimentos sobre a localização dos cones, mas o supervisor dos serviços de resgate não conseguiu fornecer essa informação corretamente, demonstrando desconhecimento da nomenclatura e localização das pistas e estradas.

Às 15h10, o exercício começou. Porém, o trajeto escolhido pelo veículo pelos controladores da torre e o trajeto real diferiram, resultando na colisão com a aeronave. De acordo com a CIAA, o acidente poderia ter sido evitado se houvesse um planejamento adequado, coordenação eficiente e o uso correto dos princípios e padrões da aviação. O relatório final trouxe à tona a necessidade de maior comunicação e precaução para evitar futuros incidentes semelhantes.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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