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Em crise, Hong Kong Airlines corta serviço de bordo de seus voos e inicia demissões

Assolada há meses por uma profunda crise, agravada pela epidemia de coronavírus, a Hong Kong Airlines começou a demitir funcionários nessa quarta-feira, um dia depois de reduzir ao mínimo seus serviços a bordo.

Hong Kong Airlines Avião Airbus A350-900
Airbus A350-900 da Hong Kong Airlines – Imagem: Bruce Cowan [CC]

Fontes disseram ao Post que 170 funcionários, a maioria comissários de bordo, foram informados de que essa quarta-feira (19) seria seu último dia de trabalho. Diversos brasileiros foram contratados pela companhia aérea ao longo dos últimos anos e agora vivem a incerteza da continuidade de seu emprego.

Na noite dessa terça-feira, a companhia aérea disse que, a partir do dia seguinte, cortaria uma série de serviços, incluindo comida, bebida, travesseiros e cobertores, no que dizia ser uma “medida preventiva” para proteger clientes e tripulantes do surto de coronavírus.

No entanto, o Post foi informado de que a ação é uma tentativa desesperada de cortar custos por estar à beira do colapso neste início de ano, depois de ter anunciado, há duas semanas, que estava se preparando para demitir 400 funcionários.

As medidas vieram após reduções anteriores de serviços, que até então haviam afetado apenas os voos de Hong Kong para a China continental.

Avisos de demissões

Em um aviso que um funcionário recebeu, a companhia aérea disse: “Lamentamos informar que, com base na recente revisão da empresa sobre seus requisitos operacionais, você será despedido”.

Os comissários de bordo receberiam um mês extra, mais férias anuais acumuladas não utilizadas, enquanto a indenização com base nos anos de serviço seria “levada em consideração”.

O aviso de rescisão terminou dizendo: “Gostaríamos de agradecer sua contribuição à empresa no passado e desejamos sinceramente tudo de bom em seus futuros empreendimentos”.

Os funcionários afetados foram instruídos a devolver seus uniformes na quinta-feira (20).

Restrições de serviços aos passageiros

Classe executiva do A330-300 da Hong Kong – Imagem: Melv_L [CC]

Incapaz de pagar os fornecedores de entretenimento a bordo desde dezembro, a limitação da companhia aérea faz com que os passageiros precisem trazer seus próprios dispositivos ou material de leitura para se distraírem durante os voos.

A transportadora também fechou na terça-feira seu principal lounge de aeroporto no Aeroporto Internacional de Hong Kong. O outro lounge mais antigo da companhia aérea no terminal principal do aeroporto permanece aberto.

Em seu site, a companhia insiste que certas medidas seriam por conta do coronavírus: “Para fortalecer ainda mais nossas medidas de precaução e reduzir o risco de nossa tripulação e clientes serem potencialmente expostos ao coronavírus, a Hong Kong Airlines limitará as atividades de bordo e fará ajustes temporários nos serviços a bordo”.

A companhia aérea pediu desculpas pelo inconveniente para os clientes e disse que continuaria monitorando a situação e fazendo outras mudanças.

Os passageiros da classe executiva receberão apenas uma garrafa de água, enquanto os viajantes da econômica, um copo de água pré-embalado. Nenhum alimento será fornecido nos voos e as revistas foram retiradas, exceto jornais ou materiais de leitura nos bolsos dos assentos.

A companhia acrescentou que não haverá restrições específicas aos passageiros que queiram levar comida ou bebida a bordo.

Demissões e férias não remuneradas

Há duas semanas, a Hong Kong Airlines disse que pelo menos 400 de seus 3.500 funcionários seriam despedidos, enquanto todos os outros seriam obrigados a tirar férias sem remuneração entre meados de fevereiro e o final de junho, totalizando dois meses, ou trabalhando meio expediente com meio salário.

Por mais de um ano, a companhia aérea enfrenta questões remanescentes sobre sua capacidade de continuar operando.

Em dezembro passado, o governo permitiu à empresa continuar operando após uma injeção de dinheiro de última hora – atribuída aos meses de protestos civis em Hong Kong, durante os quais menos pessoas visitaram a cidade.

Mas o coronavírus, que causa a doença mortal conhecida como Covid-19, leva a companhia aérea mais uma vez à beira de sua existência.

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