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Delta quer pagar abaixo do salário mínimo para não demitir pilotos

Delta Piloto
Foto – Delta Airlines

A Delta fez uma proposta ousada para seus pilotos, sugerindo que tenham garantias de emprego em troca de um pagamento abaixo do mínimo em alguns estados.

Segundo divulgado pela Reuters, a proposta da empresa é de reduzir os salários dos pilotos em 75%, sem exceções. A compensação é que nenhum copiloto ou comandante seria demitido nos próximos 12 meses.

O Vice-Presidente Sênior de Operações, John Laughter, disse em memorando interno que “a nossa proposta é expandir a operação de uma companhia aérea menor entre nossos pilotos, para preservar todos os empregos”.

Segundo o executivo, os pilotos estão sendo pagos a mais do que estão voando: em junho foram apenas 10 horas de voo em média por piloto, e tem previsão de 15,5 horas para julho.

John não explicou quanto os pilotos estão ganhando atualmente, mas seria algo equivalente a 65 horas de voos, que é o mínimo de horas voadas garantidas por contrato na Delta.

A média de horas de voo de pilotos na companhia é de 75 no mês, podendo chegar a quase 100 na alta temporada, a depender da base de operações e da aeronave voada.

Abaixo dos mínimos, literalmente

Um co-piloto recém-contratado na Delta ganha em média $5.571 dólares por mês segundo o site AviationInterviews, baseado nas 65 horas mínimas mensais. Com esta redução o seu salário passaria para $1.392, não longe dos $1.256 dólares mensais que é o salário mínimo na Geórgia, estado-sede da companhia aérea.

Vale lembrar que os pilotos nos EUA não tem salário base propriamente dito, a base seria no mínimo de horas voadas definidas por contrato, no caso 65 horas.

Por outro lado, o salário mínimo não é definido a nível federal e sim estadual. E muitos condados e cidades podem inclusive colocar um salário mínimo acima do nível estadual, sendo um exemplo na Califórnia onde o salário mínimo mensal é de $2.133, mas na cidade de São Francisco é de $2.619.

A grande diferença do trabalhador normal para o de linha aérea está nas horas trabalhadas: o piloto não voa mais que 100 horas por mês, já o trabalhador fora da aviação faz em média 165 horas de trabalho por mês.

Com isto, mesmo com o valor por hora na Delta sendo bem acima do mínimo (o menor é em torno de $90 dólares por hora), no final do mês o salário pode ser abaixo do mínimo mensal em alguns estados como a Califórnia, onde a Delta tem base de pilotos em Los Angeles.

Segundo a Delta, a demanda está 80% menor que os períodos pré-coronavírus, e a tendência seria continuar nesta linha até que as taxas de novos casos e mortes causadas pelo vírus voltem a cair.

A Associação de Pilotos de Linhas Aéreas dos EUA (ALPA) informou que a empresa estaria procurando negociações individuais com os pilotos, ao invés de conversar com a entidade, que é a representante oficial. Com isto o processo desta proposta pode ser impedido judicialmente.

Ainda não se sabe se a empresa irá complementar até o mínimo mensal seguindo a lei de cada estado de suas bases ou irá seguir apenas a lei da Geórgia, onde é baseada, e que no menor salário de piloto a redução de 75% não ultrapassaria o mínimo mensal.

A empresa, por outro lado, não informou se o percentual da redução é indiferente a quantidade de horas voadas e qual seria a base de cálculo para a redução.

Também não foi informado como está a adesão de pilotos e qual seria a data limite para votar ou implementar este plano, até então inédito na companhia.

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