
Como reportado na quinta-feira, 11 de agosto, a Azul Linhas Aérea publicou seus resultados do 2º trimestre de 2022 (2T22), demonstrando um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões no período. Assim, somando-se os resultados das três grandes empresa aéreas do mercado doméstico brasileiro no mesmo período, o saldo foi um prejuízo de quase R$ 8,0 bilhões no 2T22.
Diante do valor, muitas pessoas passaram a questionar: como foi possível uma reversão para um prejuízo tão grande após o 1º trimestre de 2022 (1T22) ter resultado em lucro líquido de cerca de R$ 4,5 bilhões na soma das mesmas três empresas?
Quem acompanhou a matéria dos resultados da Azul na quinta-feira talvez já tenha entendido o racional por trás dessa reversão, mas para um maior detalhamento, o conteúdo a seguir apresenta mais informações sobre esse aspecto em específico.
Os voos vão bem, o problema é outro
Embora muitas pessoas tenham sugerido que os altos preços das passagens aéreas teriam causado falta de passageiros e o consequente prejuízo, a situação real é contrária. Em termos das operações aéreas, as companhias seguem evoluindo, com melhora na eficiência das operações de voo, boas ocupações e aumento de receita, começando a compensar os impactos da pandemia.
Na verdade, o “vilão” dos enormes prejuízos do 2T22 foi a variação cambial (alta do dólar). Por sinal, também havia sido o “trunfo” do grande lucro do 1T22 (queda do dólar), pois uma parte relevante dos custos das empresas aéreas é dada em dólar.
No gráfico a seguir, é possível notar como ao longo do 1T22 (de 1 de janeiro a 31 de março) o dólar caiu de mais de R$ 5,60 para menos de R$ 4,70, ajudando a reduzir custos das empresas aéreas, enquanto ao longo do 2T22 (de 1 de abril a 30 de junho) o dólar subiu de volta para quase R$ 5,30.

Assim, nos dados apresentados a seguir, estão separados os resultados operacionais e os financeiros, para que se tenha maior clareza de qual foi o impacto de cada um no lucro do 1T22 e no prejuízo do 2T22. Há também todo o histórico dos dois primeiros semestres desde 2019, para uma comparação da evolução desde antes da pandemia.
Nota: como o foco é o mercado brasileiro, estão listados apenas os resultados da Azul e da Gol, já que os da Latam envolvem todos os países em que ela opera.
Gol Linhas Aéreas
Resultados Operacionais
1T19: lucro de R$ 506,2 milhões
2T19: lucro de R$ 318,9 milhões
1T20: lucro de R$ 1,025 bilhão
2T20: prejuízo de R$ 897,6 milhões
1T21: prejuízo de R$ 522,5 milhões
2T21: prejuízo de R$ 810,2 milhões
1T22: lucro de R$ 77,1 milhões
2T22: prejuízo de R$ 191,9 milhões
Resultados Financeiros
1T19: prejuízo de R$ 401,1 milhões
2T19: prejuízo de R$ 418,1 milhões
1T20: prejuízo de R$ 3,244 bilhões
2T20: prejuízo de R$ 1,096 bilhão
1T21: prejuízo de R$ 1,962 bilhão
2T21: lucro de R$ 1,480 bilhão
1T22: lucro de R$ 2,661 bilhões
2T22: prejuízo de R$ 2,777 bilhões
Saldos – Operacional + Financeiro
1T19:lucrode R$ 105,1 milhões
2T19:prejuízode R$ 99,2 milhões
1T20:prejuízode R$ 2,218 bilhões
2T20:prejuízode R$ 1,994 bilhão
1T21:prejuízode R$ 2,485 bilhões
2T21:lucrode R$ 669,7 milhões
1T22:lucrode R$ 2,738 bilhões
2T22:prejuízode R$ 2,968 bilhões
Azul Linhas Aéreas
Resultados Operacionais
1T19: lucro de R$ 335,6 milhões
2T19: lucro de R$ 339,9 milhões
1T20: lucro de R$ 158,8 milhões
2T20: prejuízo de R$ 1,024 bilhão
1T21: prejuízo de R$ 214,1 milhões
2T21: prejuízo de R$ 400,2 milhões
1T22: lucro de R$ 70,7 milhões
2T22: lucro de R$ 136,5 milhões
Resultados Financeiros
1T19: prejuízo de R$ 258,9 milhões
2T19: prejuízo de R$ 40,5 milhões
1T20: prejuízo de R$ 6,560 bilhões
2T20: prejuízo de R$ 2,126 bilhões
1T21: prejuízo de R$ 2,438 bilhões
2T21: lucro de R$ 1,473 bilhão
1T22: lucro de R$ 2,588 bilhões
2T22: prejuízo de R$ 2,762 bilhões
Saldos – Operacional + Financeiro
1T19:lucrode R$ 76,7 milhões
2T19:lucrode R$ 299,4 milhões
1T20:prejuízode R$ 6,401 bilhões
2T20:prejuízode R$ 3,150 bilhões
1T21:prejuízode R$ 2,652 bilhões
2T21:lucrode R$ 1,073 bilhão
1T22:lucrode R$ 2,659 bilhões
2T22:prejuízode R$ 2,625 bilhões