No competitivo mundo da aviação, poucas linhas aéreas atingem marcas tão expressivas e, para ser sincero, muitas não conseguem nem sobreviver por tanto tempo. Em meio a uma grave crise financeira, a South African Airways (SAA) segue levando a bandeira sul-africana para o Brasil e o mundo e acaba de completar a incrível façanha de manter 50 anos de operações ininterruptas para o Brasil.
No início o voo ligava Jo’burg a NY com escala no Rio
Tudo começou no ano de 1969, mais precisamente no mês de outubro, quando um Boeing 707 decolou de Jo’burg – forma como Joanesburgo também é conhecida – com destino ao Rio de Janeiro pela primeira vez. A parada no Brasil era apenas uma escala do voo, que depois seguia a Nova York.
Quase trinta anos mais tarde, em novembro de 1995, a empresa iniciou os voos para São Paulo e a nova rota logo se mostrou estável, com todas as três, quatro e cinco frequências semanais (dependendo da época do ano) sempre cheias, até que, finalmente, o voo passa a ser diário em 2004.
Ao longo dos últimos 50 anos, a empresa usou múltiplos equipamentos nos voos para o Brasil, como precursor Boeing 707, passando pelos Boeing 747SP, 200, 300 e 400, até introduzir os Airbus A340-300 e 600, e os A330-200 e 300, que se alternam nos voos diários de hoje. Houve também a inclinação maior por São Paulo, e os voos para o Rio foram descontinuados há alguns anos.
Vergonha do apartheid
Durante a confecção desse breve artigo, contatamos a empresa para entender com mais detalhes a evolução da operação para o Brasil ao longo dos anos, e descobrimos que há muito pouco material disponível. Segundo informações, existe uma reserva da companhia em divulgar imagens e relatos da época em que a África do Sul esteve sob o regime do Apartheid (1948-1994), ou a segregação racial na forma de Lei.
Lembremo-nos que as sanções anti-apartheid dos países africanos privaram a companhia aérea de operar em aeroportos de maior escala durante o regime, forçando-a a contornar o continente com aeronaves de longo alcance. Durante esse período, a empresa também foi conhecido por seu nome em africâner, Suid-Afrikaanse Lugdiens – SAL (“Serviço Aéreo da África do Sul”). Em 1997, após o fim do apartheid, a SAA mudou seu nome, imagem e pintura.
Como está a South African hoje
Passando por uma crise sem precedentes em sua história, a SAA carrega sete anos consecutivos de prejuízos acumulados. Isso obrigou a empresa a reduzir grandemente sua frota e deve também fazer com que reduza 23% de seus voos.
Desde junho de 2017, suas linhas de financiamento têm ficado escassas, com os bancos não querendo emprestar mais recursos a uma empresa tão frágil. Com isso, o governo tem tido que arcar com os prejuízos e já injetou mais de US$ 400 milhões na empresa, que continua com uma necessidade de capital.
Fundada em 1 de fevereiro de 1934 e, portanto, com 85 anos, a South African Airways é a transportadora estatal de bandeira da África do Sul. Sediada no no Aeroporto Internacional OR Tambo, a companhia aérea opera uma rede conectando mais de 40 destinos locais e internacionais na África, Ásia, Europa, América do Norte, América do Sul e Oceania a partir de sua base, utilizando uma frota de 47 aeronaves.
O grupo emprega mais de 10.000 pessoas e é membro da Star Alliance desde abril de 2006, sendo a primeira companhia aérea africana a assinar com uma das três alianças globais de companhias aéreas. A SAA possui também a Mango, uma companhia aérea doméstica de baixo custo, e estabeleceu vínculos com a Airlink e a South African Express.
Ao longo dessa matéria você acompanhou várias fotos dos aviões da South African no Brasil, confira mais algumas na galeria abaixo: