Na medida em que o caos vai tomando conta do Peru, após a deposição e prisão do ex-presidente Pedro Castillo, que tentou dar um golpe de estado, cenas de enfrentamento entre forças policiais, militares e manifestantes a favor do político tomam as redes sociais.
Uma das batalhas mais violentas até o momento se deu pela retomada do aeroporto de Ayacucho, invadido por civis que pedem a soltura do presidente e a realização de novas eleições gerais. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram parte do conflito em plena pista de pousos e decolagens, o qual teria resultado em oito mortes e 51 feridos, segundo uma reportagem do jornal El Comercio.
Há cerca de duas semanas, Castillo, um professor e líder sindical que alçou-se ao poder nas últimas eleições, tentou decretar a dissolução do congresso peruano, maiormente oposto ao seu regime. A resposta do parlamento veio rápido, com a deposição e prisão do político, suportada pela justiça peruana e as forças armadas.
🇵🇪 | AHORA – CRISIS EN PERÚ: Aeropuerto de Ayacucho.#AlertaNews24 pic.twitter.com/fBONyB84dw
— María Alejandra (@venezuelasos86) December 16, 2022
Em meio a um ambiente político altamente polarizado, a prisão de Castillo foi o gatilho para uma série de protestos inicialmente pacíficos, mas que agora atingem certo grau de violência, com combates nas ruas. Ao longo dos últimos dias, cinco aeroportos chegaram a ser fechados no interior do Peru, inclusive o de Cusco (reaberto na sexta-feira), porta para a maior atração do país, Machu Picchu.
Em comunicado, o Governo Regional de Ayacucho culpou a presidente Dina Boluarte e os ministros do Interior e da Defesa, César Cervantes e Luis Alberto Otárola, respectivamente, pelo ocorrido em sua jurisdição. “Exigimos o fim imediato do uso de armas de fogo e da repressão das Forças Armadas e da Polícia Nacional do Peru contra nossa população, condenamos todos os atos de vandalismo”, afirmou.
Em entrevista à RPP , a defensora pública peruana Eliana Revollar explicou que à tarde houve uma tentativa de manifestantes de entrar no terminal aéreo Alfredo Mendívil Duarte e, nesse momento, foi quando “estourou um tiroteio que foi acompanhado por helicópteros que começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo, não só naquele palco, mas por toda a cidade”.
Ayer, en Perú una muchedumbre fue reprimida en las afueras del aeropuerto de Alfredo Mendivil Duarte de Ayacucho. Los manifestantes tenían palos y piedras. Los soldados, en cambio, fusiles que dispararon a quemarropa. Siete personas fueron asesinadas. pic.twitter.com/CZ4GMxcJpb
— Bruno Sgarzini (@brunosgarzini) December 16, 2022
“Tenho conversado com o ministro da Defesa para dizer a ele que as ações do Exército têm que ser de apoio à Polícia. Não é possível que haja um bombardeio de gás lacrimogêneo em toda a cidade, gerando ansiedade”, afirmou.
As tensões seguem fortes no Peru e analistas políticos ouvidos pela mídia latina não veem uma solução de curto prazo. A presidente em exercício, Dina Boluarte, disse que proporia a antecipação das eleições gerais para abril de 2024, mas tal sinalização também não foi bem recebida pelos manifestantes
Um decreto foi promulgado, declarando estado de emergência em todo o país por um período de 30 dias corridos.
#Ayacucho Tras el fallecimiento de dos personas y decenas de personas heridas durante intento de toma del aeropuerto por parte de manifestantes, exigimos a @CCFFAA_PERU el cese inmediato del uso de armas de fuego y de bombas lacrimógenas lanzadas desde helicópteros. pic.twitter.com/viOwvCNlA1
— Defensoría Perú (@Defensoria_Peru) December 15, 2022