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Embraer 175 da Polícia Federal voa ao Suriname para repatriação de araras-azuis e micos-leões-dourados apreendidos

Imagem: Divulgação

A Polícia Federal informa que uma apreensão de 29 araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) e sete micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) no Suriname, no final de julho, deu início a uma ação integrada dos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Justiça e Segurança Pública e Relações Exteriores para a repatriação dos animais, que são nativos da fauna brasileira.

A operação conta também com o apoio de instituições parceiras dos Planos de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas (PAN).

Os animais serão resgatados por uma equipe formada por veterinários e especialistas do ICMBio e IBAMA e policiais federais, que voaram para o Suriname nesta terça-feira, 22 de agosto, na aeronave Embraer 175 de matrícula PS-CAV da Polícia Federal e retornarão no dia seguinte, 23. Cada animal será acondicionado em uma caixa individual.

Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação

O voo partiu de Brasília, com escala em Belém, com destino a Paramaribo, capital do país vizinho. O retorno, também com escala em Belém, terá como destino o Aeroporto de Guarulhos/SP, onde os animais serão desembarcados e encaminhados.

Os voos do Embraer 175 podem ser acompanhados em tempo real pela plataforma RadarBox de rastreamento online neste link.

Além de participar do resgate, os policiais federais realizarão interações com as autoridades do Suriname para levantamento de informações no interesse do Inquérito Policial instaurado para investigar o tráfico dos referidos animais, bem como identificar possíveis rotas e táticas ilegais usadas pelos biotraficantes, fortalecendo a cooperação policial internacional contra os crimes ambientais.

Destino dos animais

No caso dos micos-leões-dourados, após um período de quarentena no Zoológico Municipal de Guarulhos, os sete indivíduos passarão a fazer parte da população de segurança da espécie.

As populações de segurança são mantidas em instituições de manejo ex-situ (fora do ambiente natural) nacionais e estrangeiras, onde todos os indivíduos têm sua origem e genealogia conhecidas, e são manejados de forma a garantir uma população viável do ponto de vista demográfico e genético, para liberações na natureza, onde e quando se julgar necessário.

As reintroduções de micos entre as décadas de 1980 e 2000 foram fundamentais para o reestabelecimento da espécie, com população hoje estimada por pesquisadores em 4.800 indivíduos.

Todos os micos passarão por uma avaliação individual, comportamental e de saúde e, durante o período de quarentena, terão material biológico coletado para investigação de parentesco entre os indivíduos e da origem populacional (que ajudará nas investigações sobre a rede de tráfico), a serem realizadas no Laboratório de Biodiversidade Molecular e Conservação da UFSCAR.

Após estes resultados, os animais poderão ser integrados oficialmente ao Programa de Manejo da espécie, com orientação sobre a sua melhor destinação. 

As 29 araras-azuis-de-lear repatriadas nesta operação serão levadas para Cananéia/SP, para quarentena e avaliações. Elas contribuirão para o manejo populacional integrado da espécie.

Após as análises sanitárias, comportamentais e genéticas, serão destinados pelo Programa de Manejo de acordo com sua atribuição mais importante dentro do plano de conservação.

Mesmo aqueles indivíduos que não possam ser soltos na natureza contribuirão com a conservação da espécie em seu ambiente natural, graças à existência deste Programa e de parceiros que também têm a conservação como objetivo primordial. O objetivo único do Programa é o revigoramento da população de araras-azuis-de-lear na natureza.

Grupos de araras oriundos deste Programa, envolvendo animais nascidos sob cuidados humanos e resgatados, estão sendo liberados na Caatinga desde 2019 e elevaram a população no Parque Nacional Boqueirão da Onça de 2 para 19 indivíduos, sendo quatro deles nascidos de um casal reintroduzido em Boqueirão.

Caso o governo do Suriname não houvesse interceptado esses animais e repatriado ao Brasil, eles seriam alijados de seu papel ecológico e de qualquer contribuição para a conservação destas espécies tão ameaçadas.

Importante destacar que, além dos órgãos federais envolvidos, as seguintes instituições têm papel fundamental nessa ação de conservação:

– Freeland Brasil: organização de combate ao tráfico de espécies silvestres que trouxe as primeiras informações sobre a apreensão com divulgação na imprensa, além de atuação na articulação internacional e institucional;

– Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD): comunicação e articulações institucionais;

– Zoológico de São Paulo: apoio da studbook keeper (livro de registros genealógicos da espécie) e empréstimos das caixas para o transporte dos micos-leões;

– Zoológico Municipal de Guarulhos: recebimento dos micos-leões para quarentenamento e manutenção;

– Qualis Ambiental – equipe que lidera o projeto de soltura da arara-azul-de-lear.

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