Uma oportunidade no mínimo inesperada surgiu para a Embraer comercializar o cargueiro militar KC-390 na Nova Zelândia e para substituir um Boeing.
Normalmente, os jatos KC-390 entram nas forças aéreas para substituir o Lockheed C-130 Hércules, seguindo a sua filosofia de projeto feito a pedido da Força Aérea Brasileira (FAB), histórica operadora do “Gordo”, como era apelidado o C-130 no Brasil.
Todos os países que hoje encomendaram o KC-390 (com exceção da Hungria) seguem essa mesma linha de substituição do Hércules por um avião mais rápido e capaz, porém de tamanho similar.
Um caso bem incomum, entretanto, pode ocorrer na Nova Zelândia, onde uma dupla de jatos Boeing 757-200 sairá de serviço em breve em meio a seguidos problemas de disponibilidade, principalmente causados pela sua idade avançada.
Estes jatos têm configuração mista: possuem uma porta de carga no deck principal, podendo levar apenas suprimentos, mas também podem ser colocados assentos comuns e também VIPs, para transporte presidencial.
Eles são usados tanto em deslocamento de militares, evacuação aeromédica, viagens do Primeiro-Ministro e também para voar até a Antártica, dando apoio ao programa neozelandês.
Para o CEO da Embraer Defesa & Segurança, João Bosco da Costa Júnior, existe uma grande oportunidade para a fabricante brasileira no outro lado do globo: “Eu posso dizer que estamos acompanhando isto de perto. Estamos procurando uma oportunidade para ser parte da solução aí”, disse o executivo em entrevista ao Australian Defence.
Bosco também destacou o fato do KC-390 ter pronto um kit VIP, onde assentos e amenidades para altas autoridades podem ser instalados de maneira rápida. A expectativa é que o jato brasileiro também complemente as operações feitas com o C-130H Hércules e o C-130J Super Hércules que está encomendado junto à Lockheed Martin.
O grande “Calcanhar de Aquiles” da Embraer neste caso não seria tanto a questão da configuração VIP, mas sim do alcance do KC-390. Isso porque, levando 6 toneladas a menos que o 757-200F, o jato brasileiro tem um alcance 3 mil quilômetros menor que do Boeing, deixando em grande desvantagem, principalmente para as operações na parte gelada do globo.