Em um novo escândalo envolvendo aviação e segurança, a Comissão Anticorrupção de Bangladesh (ACC) entrou com uma ação contra quatro gerentes da Biman Bangladesh Airlines, incluindo o ex-diretor-gerente Mosaddique Ahmed, alegando corrupção e abuso de poder durante o processo de recrutamento de pilotos.
O ACC disse em comunicado divulgado em sua página oficial do Facebook que “os réus não seguiram as regras convencionais da companhia aérea para determinar as qualificações educacionais e de idade dos candidatos”. Especificamente, eles supostamente reduziram os requisitos educacionais e aumentaram o limite de idade para acomodar os candidatos.
Manipulação dos testes dos pilotos
Além disso, os quatro gerentes foram acusados de influenciar os resultados dos exames de admissão, acrescentando mais pontos para alguns candidatos. Segundo o órgão do governo, 32 pilotos teriam se beneficiado do esquema de corrupção, incluindo o sobrinho de Mossadique Ahmed. Desse grupo, 28 foram reprovados nos exames de admissão e tiveram seus resultados “ajustados”, informou o Daily Star.
Segundo o Dhaka Tribune, os três outros réus são o diretor-administrativo Partha Kumar Pandit, o diretor de operações, Farhad Hassan Jamil, e o gerente-geral Fakhrul Hossain Chowdhury. Os processos apontam um grupo relativamente restrito de indivíduos como réus. No início deste ano, o ACC questionou mais executivos que não foram intimados no final.
Segundo dados da empresa aérea, sua frota tem 16 aeronaves, sendo 8 de longo alcance (Boeing 777-30ER e Boeing 787-8), que voam para destinos como Catar, Londres, Arábia Saudita, dentre outros.
Outros casos
Em setembro, a Biman Bangladesh adotou medidas disciplinares contra dois executivos de alto nível por seu papel no infeliz arrendamento de dois B777-200 da EgyptAir entre 2014 e 2019.
De acordo com o jornal Dhaka Tribune, o contrato do diretor de engenharia Khandokar Sazzadur Rahim foi cancelado, enquanto o engenheiro-chefe Gazi Mahmud Iqbal foi suspenso. A dupla foi responsabilizada coletivamente por manter dois B777 – S2-AHL (msn 32630) e S2-AHK (msn 32629) – parados e gerando prejuízo para a empresa.
Devido a diversos problemas de manutenção e confiabilidade, os B777 foram retirados do serviço regular em abril do ano passado e transportados para a cidade de Ho Chi Minh para armazenamento até o final de seus respectivos contratos de arrendamentos, neste ano. Quando o contrato do S2-AHL venceu, ele foi simplesmente devolvido ao Cairo, enquanto o outro permaneceu no Vietnã, esperando vencer o contrato.
Confirmando o assunto, o secretário do Ministério da Aviação Civil e Turismo, Mohibul Haque, disse: “A Biman alugou duas aeronaves Boeing 777-200ER em 2014. Segundo o contrato, Biman deveria pagar US$ 558.053 por ano e por jato,, incluindo todos os custos de manutenção, para a EgyptAir”.
Mas, ao invés de reclamar ou agir para evitar as perdas, os executivos tomaram a decisão de simplesmente manter as aeronaves paradas até vencer o contrato. No início deste ano, o portal de notícias Jago de Bangladesh disse que, dada a falta de confiabilidade dos jatos, os dois contratos juntos custaram Biman US$ 15,67 milhões em perdas anuais.