FAA reforma processos de certificação após críticas ao caso do Boeing 737 MAX

A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), que foi criticada pela forma como certificou o Boeing 737 MAX, decidiu explicar com mais clareza que tipo de informação crítica de segurança a agência precisa receber dos fabricantes.

Por meio de dois projetos de documentos de política apresentados para consideração, a agência está buscando mais detalhes no processo de certificação para novas aeronaves de passageiros de grande porte. Os documentos também orientam os fabricantes sobre como divulgar quaisquer alterações de projeto que afetem significativamente as informações enviadas anteriormente à FAA.

É amplamente reconhecido na indústria da aviação que a certificação de novas aeronaves se tornará mais desafiadora e demorada após o caso do 737 MAX, detalha o Aviacionline.

A FAA certificou o 737 MAX em 2017 sem entender de um sistema crítico de controle de voo, de acordo com o inspetor geral do Departamento de Transportes e um painel de especialistas em aviação internacional. Eles também descobriram que a Boeing reteve informações sobre o sistema MCAS, que falhou devido a leituras incorretas do sensor de ângulo de ataque (AoA) antes dos acidentes da Lion Air em 2018 e da Ethiopian em 2019.

Durante o desenvolvimento do MAX, a Boeing mudou o MCAS para torná-lo mais reativo, mas nunca informou às companhias aéreas e os pilotos sobre isso. Além disso, o sistema não possuía redundância e recebia apenas dados do sensor esquerdo.

Em ambos os acidentes, o sensor falhou e o sistema interpretou que a aeronave estava com o nariz perigosamente elevado e comandou sua descida com intervalos incrementais, fazendo com que a aeronave despencasse sem possibilidade de recuperação por parte da tripulação.

Conforme relatado pelo Seattle Times, críticos dentro e fora do governo disseram que a FAA precisava melhorar seu processo de certificação. Alguns deles acusaram a agência de estar muito próxima da Boeing, que, segundo a política de longa data da FAA, tem ampla autoridade para revisar a segurança de seus próprios aviões.

Em 2020, o Congresso aprovou uma legislação para reformar o processo de certificação da FAA, incluindo mais proteções para relatores de incidentes de segurança e penalidades civis adicionais se os gerentes interferirem no trabalho de supervisão de segurança realizado pelos funcionários dos fabricantes.

A FAA disse que aceitará comentários públicos sobre o projeto da nova política até 25 de agosto.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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