Fim da produção do Boeing 767F pode estar sacramentada pelas novas regras de emissões de gases

Com a adesão da Federal Aviation Administration (FAA) às regras de eficiência de combustível propostas para aeronaves a jato subsônicas com peso máximo de decolagem (MTOW) superior a 5.700 quilogramas (12.566 libras), o fim da produção do cargueiro Boeing 767F em 2027 fica quase certo. Os novos padrões também se aplicarão a aviões de hélice com MTOW superior a 8.618 kg (18.999 lbs).

Trabalhando com a ICAO, a regra final da FAA foi publicada em 16 de fevereiro, com data efetiva de validade a partir de 16 de abril deste ano. De acordo com a diretiva, os novos padrões de eficiência de combustível se aplicam aos casos de: aeronaves que receberam sua certificação de tipo original (TC) em ou após 1º de janeiro de 2021; aeronaves que serão fabricadas após 1º de janeiro de 2028; e aeronaves que foram certificadas antes de 2021.

Em 15 de junho de 2022, o regulador publicou um chamado aviso de regra proposta (NPRM), recebendo 62 comentários sobre a proposta de várias partes, incluindo Airbus, Boeing, ATR, Embraer, Gulfstream e General Electric (GE), bem como representantes de companhias aéreas.

Fornecendo informações de fundo sobre a decisão, a FAA afirmou que a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) e seu Grupo Internacional de Ação contra as Mudanças Climáticas (GIACC) desenvolveram um programa para reduzir o impacto da aviação no clima em 2009. O Comitê de Proteção Ambiental da Aviação (CAEP), parte da ICAO, concordou com o novo padrão de emissões em fevereiro de 2016, com a ICAO adotando o padrão em março de 2017.

Como resultado, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) publicou sua regra final para alterar os padrões domésticos de emissões de gases de efeito estufa da aeronave (GHG) em janeiro de 2021, com a FAA seguindo o exemplo de acordo com a Lei do Ar Limpo. Num documento de suporte técnico (TSD) emitido pela EPA em dezembro de 2020, a agência concluiu que o Boeing 767F não atenderia aos padrões internacionais propostos pela ICAO, com ou sem melhoria contínua.

Atualmente, nenhuma transportadora de carga além das americanas UPS e FedEx têm o 767F encomendado, de acordo com os pedidos e entregas da fabricante. Os pedidos não atendidos das duas companhias aéreas indicaram que eles têm 21 e 16 cargueiros Boeing 767F encomendados, respectivamente.

Isso, por si só, já seria indicativo de que a demanda pelo bem-sucedido bimotor cargueiro estaria em baixa. Com a regra nova de emissões, estaria então sacramentado o fim da produção do clássico avião. Até o momento, a Boeing não anunciou um sucessor potencial para o 767F, que poderia incluir novos motores para o tipo, ou um cargueiro 787, por exemplo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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