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Fim do Boeing 717 encerrará uma família de ouro da aviação regional

Avião Boeing 717 Hawaiian Airlines
Imagem: Macpro3000 / CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

O Boeing 717, a última evolução das aeronaves com o clássico design popularizado pelo Douglas DC-9 em meados da década de 1965, vive seus derradeiros momentos no ar. O avião, que deixou de ser fabricado em 2006, deve ser gradativamente substituído nos próximos cinco anos pelas poucas companhias aéreas que ainda o operam.

MD-95 e 717

Hoje conhecido como Boeing 717, a aeronave foi projetada pela McDonnell Douglas como MD-95 e seria a terceira geração da família DC-9. Com capacidade para até 117 passageiros, o modelo é marcado pelo corpo estreito (“narrow body“) e pelos dois motores Rolls-Royce BR715 turbofan acoplados à cauda.

Apesar de ter feito menos sucesso que os projetos anteriores da McDonnell Douglas, como o MD-80 e MD-90, o avião é o único da família ainda a operar voos comerciais em companhias aéreas de primeira linha ao redor do mundo.

Isso é algo surpreendente, já que desde que o primeiro exemplar saiu da fábrica, em 1998, foram realizados apenas 156 pedidos do modelo em todo o mundo. Para se ter uma ideia, a McDonnell Douglas projetou e entregou 2.439 aeronaves de outros modelos, no mesmo período.

No ar

Das 156 aeronaves entregues, 144 voam até hoje, ao contrário dos modelos irmãos, que já quase desapareceram da aviação comercial de passageiros. No entanto, com o impacto do coronavírus na aviação global, muitas companhias buscam alternativas mais econômicas e eficientes para recuperar parte das perdas para a crise.

A norte-americana Delta é a maior operadora do modelo 717, com 91 equipamentos na frota. Destas, quase a metade está atualmente em solo, como resultado da paralisação imposta pela COVID-19. Os aviões que ainda voam, atendem a mercados menores como Buffalo, Omaha e Daytona Beach.

De toda maneira, a companhia informou no final de setembro que pretende se desfazer de toda a frota de B717 até 2025. De acordo com declarações à imprensa, a Delta pretende substituir os aviões de motor traseiro por modelos mais modernos e econômicos, como o Airbus A220.

B717 da Delta, a maior operadora do modelo em todo o mundo.

No mesmo ano, a também norte-americana Hawaiian Airlines irá desativar quase toda a sua frota de 19 Boeings 717. A companhia quer um perfil operacional mais adequado ao modelo de negócio que está sendo desenhado, com foco nos voos dentro do arquipélago. Algumas aeronaves, contudo, podem ser preservadas, já que, até o momento, nenhuma substituta definitiva foi anunciada.

A terceira companhia que ainda opera com B717 é a espanhola Volotea. A empresa de baixo custo foi fortemente atingida pela pandemia. Os 14 Boeings 717 estão em solo desde o início da crise e não devem mais voltar ao ar. A empresa tem fechado acordos com a Airbus para concentrar suas operações exclusivamente com aviões da família A320.

Os últimos 20 B717 estão com a Qantas Link, subsidiária regional da australiana Qantas. Desse total, 16 estão voando, mesmo em meio à redução operacional causada pela COVID-19. Das quatro companhias, é a única que ainda não anunciou oficialmente o fim das operações com o modelo, mas é quase certo que a companhia seguirá o mercado internacional e priorizará aeronaves mais novas e econômicas para o pós-pandemia.

No futuro próximo, muitas aeronaves com mais de 20 anos de uso poderão ser substituídas pelos lançamentos mais recentes modelos menores de Embraer e Airbus. Do DC-9 ao B717, um importante capítulo dessa história foi escrito.

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