Firma de advogados diz que vai investigar a GOL por suspeita de práticas ilícitas

A firma de advogados americana Pomerantz LLP soltou um release para a imprensa internacional nesta terça-feira (28) com objetivo de informar que está atuando em nome de investidores da Gol Linhas Aéreas Inteligentes para investigar a suspeita de práticas inapropriadas da administração da empresa aérea, que podem interferir no mercado de capitais (no valor das ações).

No entanto, a firma de advogados não menciona qual investidor está defendendo ou qual é o pleito exatamente, ao contrário, deixa um e-mail e um telefone de contato para que os interessados em se engajar no processo a contatem (e a contratem, embora isso esteja implícito).

A investigação diria respeito à questão de saber se a Gol Linhas ou alguns de seus executivos ou diretores se envolveram em fraudes contra o mercado de valores mobiliários ou outras práticas comerciais ilegais. 

O que alegam os advogados

Os advogados embasam sua investigação na saída da empresa de auditoria KPMG da GOL.

Em seu release, os advogados dizem que:

“Em meados de junho de 2020, o auditor da Gol, KPMG, levantou preocupações significativas durante sua primeira auditoria anual da empresa, afirmando que tinha uma “opinião adversa” sobre a força dos controles internos da Gol e que a opinião adversa da KPMG levou a Gol a fazer uma revisão de seus procedimentos de relatório financeiro. Em 23 de julho de 2020, a Gol encerrou o contrato com a KPMG. 

“Com essas notícias, o preço do recibo de depósito americano da Gol (“ADR”) caiu US$ 0,65, ou 7,05%, para fechar em US$ 7,25 por ADR em 23 de julho de 2020″.

Mas o que isso quer dizer

Por enquanto nada. O escritório de advogados está suspeitando da conduta da empresa aérea porque a empresa de auditoria KPMG foi trocada pela EY após apenas um ano de contrato. Com isso, a Pomerantz resolveu iniciar uma investigação própria querendo cooptar investidores que também suspeitem da GOL a se engajar na causa e ganhar dinheiro com isso. É uma firma que ganha dinheiro com processos como esse, então, se houver fraude, todos ganham dinheiro, se não houver, os investidores perdem.

No entanto, a própria KPMG, empresa auditoria de fé pública e que depende exclusivamente do seu capital intelectual e de sua reputação, confirmou que a sua saída da Gol se deveu a fatores comerciais (não conseguiram chegar a uma proposta viável para renovação do contrato).

Agora, se a KPMG estivesse saindo por conta de alguma conduta ilegal, ela deveria, por obrigação, ter mencionado isso publicamente. Uma fraude escondida por uma empresa de auditoria, que afete o mercado de capitais, a levará à perda de reputação e credibilidade, perda de bilhões de dólares em contratos e até ao seu fechamento, como aconteceu no começo dos anos 2000 no emblemático caso da Arthur Andersen.

Então, por agora, essa notícia dos advogados não tem grande força, mas é necessário aguardar as cenas dos próximos capítulos. A quem quiser saber um pouco mais dessa história, falamos sobre esse tema aqui e aqui.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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