Firma jurídica acha relatório chileno raso e espera mais análises sobre o incidente com o Boeing da Latam

Um escritório jurídico que está assessorando os passageiros do voo LA-800 da LATAM Airlines, que desceu abruptamente entre Sydney e Auckland em março e deixou vários feridos, afirma que há muitas perguntas vitais a serem respondidas apesar da divulgação do relatório preliminar da Direção Geral de Aeronáutica Civil do Chile.

O relatório preliminar afirmou que “o assento do lado esquerdo do cockpit, com o comandante na posição, começou a se mover involuntariamente para frente”.

O diretor da Carter Capner Law, Peter Carter, revelou que, em função do relatório, a empresa está investigando a história dos controles de troca de assento na cabine em aeronaves 787 Dreamliner, incluindo as advertências emitidas pela Boeing sobre os controles dos assentos em 2017 e novamente após o acidente de 11 de março.

Carter disse que as fotos dos assentos do piloto e do co-piloto incluídas no relatório revelam uma diferença significativa na posição de repouso das tampas dos interruptores dos assentos.

“Enquanto a tampa na parte de trás do assento do copiloto fica nivelada com a parte de trás do assento, a tampa do interruptor do assento do comandante não”, diz.

Observando que o relatório não comenta sobre as diferentes posições, exceto para dizer que as investigações estão em curso, ele disse que o fechamento incompleto da tampa do interruptor do assento do piloto, levanta a possibilidade de que o interruptor tenha sido acionado quando a tampa foi inadvertidamente pressionada.

No entanto, enquanto isso pode explicar o “movimento involuntário” do assento do piloto, segundo ele, ainda há dúvidas sem resposta. “Qual papel a manutenção, os componentes ou a atuação da tripulação desempenharam; como o assento afetou tão violentamente o voo da aeronave; e quais medidas foram tomadas para evitar que isso acontecesse. Essas são todas perguntas importantes para descobrir a causa do acidente e devemos aguardar e ver”, diz o escritório.

Carter disse que estava ciente de matérias na mídia que afirmavam que um membro da tripulação pode ter acionado o interruptor pressionando inadvertidamente a tampa, fazendo com que o ocupante do assento pressionasse os controles e fizesse a aeronave entrar em um mergulho, e concordou que essa era definitivamente uma possibilidade.

“O relatório não diz isso, mas as fotografias que mostram as tampas dos interruptores dos assentos da cabine sugerem isso como um fator provável”, seguiu o advogado.

O relatório deixou claro que nem o clima nem a turbulência desempenharam qualquer papel no mergulho incontrolável.

“Estamos acompanhando os desenvolvimentos na investigação da Autoridade de Aviação do Chile e estamos aconselhando clientes no Chile, Brasil, Nova Zelândia, Austrália, EUA e Colômbia individualmente”, explicou ele.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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