Em face às duras sanções, sem poder comprar peças ou fazer negócios com as empresas ocidentais, as aéreas russas estão numa verdadeira encruzilhada enquanto planejam seu futuro. Tudo indica que daqui a algum tempo, elas dependerão de aeronaves produzidas internamente se quiserem expandir ou renovar suas frotas. Mas isso também não será tarefa fácil.
Como relata o site parceiro aeroTELEGRAPH, o mais surpreendente nesta história é o fato do próprio Ministro dos Transportes russo estar criticando as aeronaves produzidas localmente.
“Do ponto de vista comercial, o Sukhoi Superjet não é uma aeronave muito eficaz”, disse Vitaly Savelyev em um discurso recentemente. Ele quer dizer isso tanto do ponto de vista da produção quanto do marketing. “Quantos Superjets a Aeroflot tem? Setenta e seis. E quantos a Aeroflot pediu? Cento e cinquenta. Diga-me onde estão o resto dos aviões?“, disse o ministro.
Outro problema relatado por Savelyev é que o jato ainda contém muitos componentes estrangeiros, e obtê-los agora é difícil devido às sanções. Mais cedo nesta semana, países europeus disseram que não vão mandar peças para a fabricação das aeronaves, mesmo nos casos de contratos vigentes e já pagos.
Enquanto isso, a Rússia trabalha no desenvolvimento de uma versão mais “local” do Superjet, incluindo motores russos. Se tudo der certo, o lançamento ainda está programado para 2023, mas tem um problema: 50% das peças ainda são do exterior.
Se o problema com o jato Sukhoi é o excesso de peças ocidentais, para outros projetos que a Rússia quer reviver o problema pode estar na viabilidade comercial.
Esse é o caso do Ilyushin Il-96 e do Tupolev Tu-204, que podem voltar à fabricação. “Eles usam muito combustível. Os custos de combustível representam um terço do preço do voo, então o preço das passagens dispara”, lamentou o ministro.
De fato, a Rússia ainda tem um caminho duro para seguir, a fim de garantir o crescimento de sua aviação em meio aos fortes embargos do ocidente.