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Fuga espetacular de Carlos Ghosn, escondido em um jatinho, vira filme da Netflix

O executivo líbano-brasileiro Carlos Ghosn é uma figura controversa no mundo dos negócios. Com um estilo implacável de liderança, ele ajudou a recuperar os negócios de duas icônicas marcas automobilísticas, Renault e Nissan, enquanto atingiu um patamar de estrela pop por sua presença de palco e os resultados que apresentou. No entanto, nos bastidores de tudo isso, uma história muito mais espetacular se descortinava.

Toda a bizarra história envolvendo o executivo, que foi acusado de desvios milionários de dinheiro das empresas e acabou preso no Japão, até conseguir escapar do país escondido num jato executivo, é contada no novo documentário da Netflix “Fugitive: The Curious Case of Carlos Ghosn” ou “Carlos Ghosn: O último voo”.

Preso em Tóquio em 2018, Ghosn foi acusado de subnotificação de lucros, quebra de confiança e apropriação indébita de fundos da empresa, tudo o que ele nega. A saga fez dele um dos fugitivos mais famosos do mundo.

Sua prisão e remoção como presidente das montadoras causou ondas de choque na indústria. Ghosn disse que fugiu porque não podia esperar um julgamento justo no Japão, que supostamente tem uma taxa de condenação de 99% e permite longas detenções e interrogatórios antes dos julgamentos.

Foto: Arquivo pessoal

Antes da fuga, ele passou 130 dias na prisão e falou de ter sido brutalmente tratado por promotores japoneses, que ele acusou de conspirar com a Nissan para derrubá-lo como chefe da montadora após uma queda nas receitas e em vingança pela interferência do governo francês na aliança da montadora, através da Renault. Ghosn disse que passou seu encarceramento em confinamento solitário, teve permissão apenas para dois banhos por semana e foi constantemente interrogado nos esforços para extrair uma confissão.

Tudo isso estava muito longe do estilo de vida luxuoso anteriormente desfrutado pelo magnata do automobilismo que salvou a Renault e a Nissan da quase falência e se tornou um empresário superstar na França e no Japão. Ele se tornou uma celebridade e até apareceu como um super-herói em um mangá japonês.

Em abril de 2019, ele foi libertado sob fiança de US$ 7,2 milhões e passou oito meses em prisão domiciliar até sua fuga dramática do Japão em dezembro do mesmo ano.

Sua extração do país, coordenada por ex-militares de elite dos EUA, foi cinematográfica e contou com um disfarce perfeito, onde Ghosn foi colocado dentro uma caixa de equipamento de áudio, que passou sem revista no aeroporto. Uma vez dentro de um jatinho, os pilotos voaram sobre o território chinês e depois seguiram para a Turquia, onde o executivo foi colocado em outra aeronave até o Líbano.

A fuga de Ghosn se deu num jato G650

Quem ajudou na fuga de Ghosn acabou identificado e condenado a prisão, mas o executivo conseguiu a liberdade no Líbano, onde vive até hoje, longe dos holofotes. Como país árabe não tem tratado de extradição com o Japão, ali ele está seguro. No entanto, ele está fadado a não deixar mais o país, dado o “aviso vermelho” emitido pela Interpol contra ele.

Dirigido por Lucy Blakstad, o documentário fornece uma história por trás do caso bizarro por meio de entrevistas com pessoas como a irmã de Ghosn, sua governanta, jornalistas, executivos da Renault-Nissan e colegas de trabalho. Ele narra as tensões internas que ele provocou na Nissan-Renault, que um entrevistado descreve como sendo “como Game of Thrones, edição Nissan”.

Ghosn se recusou a fazer parte do documentário, mas é amplamente citado em sua coletiva de imprensa pós-fuga no Líbano, onde ele insistiu que foi derrubado por uma conspiração da empresa e que apenas quer limpar seu nome.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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