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Helicópteros tiveram que desviar de aeronaves que não existiam em teste de software de voo autônomo

O Black Hawk (à esquerda) e o S-76B – Imagem: NASA / Steve Freeman

A NASA informa que, no final de outubro, dois helicópteros de pesquisa do fabricante Sikorsky, uma empresa da Lockheed Martin, realizaram uma dúzia de voos de teste sobre Long Island Sound, Connecticut, tomando o cuidado de evitar outras aeronaves na área ao seu redor. Essas outras aeronaves, porém, não existiam de verdade.

Embora de aparência comum, os helicópteros voavam de forma autônoma – guiados por software projetado pela NASA – e as outras aeronaves eram virtuais, parte de uma simulação para testar sistemas de voo sem piloto. Esta foi a primeira vez que duas aeronaves autônomas voaram uma contra a outra usando um software anti-colisão projetado pela NASA.

Os voos de teste fizeram parte de uma colaboração da NASA, Sikorsky e DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency, ou Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa). Os pesquisadores conseguiram coletar dados que permitirão o avanço do voo completamente autônomo, por sistemas que podem operar uma aeronave sem piloto, desde a decolagem até o pouso.

O trabalho fez parte dos esforços da NASA para projetar e avaliar tecnologias que poderiam eventualmente levar a táxis voadores e outras opções novas de transporte aéreo automatizados.

Para os testes, a equipe utilizou dois helicópteros experimentais adaptados para sistemas autônomos, sendo eles um S-76B modificado chamado de SARA (Sikorsky Autonomy Research Aircraft, ou Aeronave de Pesquisa de Autonomia da Sikorsky) e um Black Hawk modificado chamado de OPV (Optionally Piloted Vehicle, ou Veículo Opcionalmente Pilotado).

Os pesquisadores carregaram nos helicópteros cinco sistemas de software projetados pela NASA, que funcionavam com o sistema de voo automatizado já integrado pela Sikorsky e DARPA.

“Esses testes de voo usando os helicópteros SARA e OPV da Sikorsky mostram como podemos combinar tecnologias para aumentar a automação ao longo do tempo de uma forma sustentável e escalonável”, disse Adam Yingling, líder do projeto da NASA. “Esses esforços demonstram que podemos integrar com segurança as operações para pilotar a aeronave usando diversas tecnologias em um tablet de navegação.”

Um piloto de segurança da NASA e da Sikorsky a bordo de cada helicóptero supervisionou os testes de voo. O sistema de autonomia de voo da Sikorsky, em combinação com o software da NASA, executado em tablets concebidos pela agência, permitiu que os helicópteros voassem autonomamente ao longo de múltiplas rotas planejadas.

Os tablets também permitiram que os pilotos de segurança monitorassem as opções de trajetória de voo selecionadas pelo software sempre que fossem necessárias correções de curso.

Os pilotos de segurança observaram como os helicópteros respondiam aos comandos iniciados por software, e os pesquisadores da NASA avaliaram como os diferentes sistemas de software funcionavam juntos para controlar cada aeronave.

Os testes também avaliaram como os pilotos humanos interagiam com os sistemas autônomos. Durante os voos, os pilotos de investigação da NASA foram equipados com óculos especialmente concebidos para compreender dois aspectos: durante quanto tempo interagiram com os tablets de navegação; e como responderam fisiologicamente às informações fornecidas pelos tablets.

Os pesquisadores empregarão esses dados de experiência do usuário para auxiliar em futuros designs visuais e interativos para software e tablets.

A equipe realizou 12 voos bem-sucedidos, cobrindo 70 manobras de teste de voo diferentes e gerando mais de 30 horas de voo para cada aeronave. A colaboração da NASA com a Sikorsky e a DARPA ofereceu uma base para aprofundar os testes da tecnologia de automação.

Espaço aéreo de realidade mista

Os testes demonstraram as capacidades do software num cenário de realidade mista. À medida que os helicópteros SARA e OPV sobrevoavam Long Island Sound, várias aeronaves virtuais foram adicionadas ao mesmo espaço aéreo.

“Para este teste, estamos usando um modelo de futuro espaço aéreo de Mobilidade Aérea Avançada com mais de 150 aeronaves virtuais e seus planos de voo integrados ao software de gerenciamento de trajetória de voo e à tecnologia de gerenciamento de missão Sikorsky para pilotar os dois helicópteros em um modo de realidade mista”, disse Mark Ballin, investigador principal para o desenvolvimento de sistemas de gerenciamento de trajetórias de voo.

O software projetado pela NASA, que comandava os helicópteros SARA e OPV simultaneamente, permitiu que pilotos e engenheiros de pesquisa executassem interações planejadas com os planos de voo das aeronaves virtuais.

Os múltiplos sistemas de software a bordo dos helicópteros trabalharam juntos, fazendo ajustes para evitar a aeronave virtual e uns aos outros. Isso significava mudar altitude, velocidade e direção para evitar “colisões” virtuais ou manter padrões de órbitas para pouso.

Esta colaboração entre NASA, Sikorsky e DARPA ajudará a inaugurar uma nova era de autonomia na aviação que poderá salvar vidas, aeronaves e recursos. A NASA usa esses testes para apoiar a integração de pesquisas de sistemas automatizados que fornecerão à Administração Federal de Aviação (FAA) dados sobre procedimentos de voo para ajudar a introduzir sistemas de mobilidade aérea avançada no espaço aéreo nacional.

Informações da NASA

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