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Indústria aeronáutica está atrás de peças usadas em resposta aos atrasos nas entregas de jatos

Boeing 747
Boeing 747 Ex All Nippon Airways – Imagem: Aeroprints.com / CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

As companhias aéreas estão preparando suas frotas para a temporada de verão de 2023 e, diante dos atrasos nas entregas de novas aeronaves, as empresas buscam alternativas no mercado de peças usadas para manter suas aeronaves ativas.

Em paralelo, Airbus e a Boeing estão trabalhando para acelerar as taxas de produção de suas linhas de montagem final (FAL). Conforme informa o Aviacionline, o fabricante europeu constroi seu segundo FAL para a família A320 na China, enquanto seu concorrente americano instala um quarto FAL em sua fábrica em Everett, para o programa 737 MAX.

Mike Stengel, diretor da AeroDynamic Advisory, observou que, antes da pandemia, a indústria de MRO valia entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões. Atualmente, está em pleno andamento e seu crescimento deverá chegar a 22% este ano, atingindo a cifra de 94 bilhões de dólares, segundo a consultoria Oliver Wyman.

Peças de aeronaves aposentadas são um tesouro valioso

Os aviões que as companhias aéreas desativam são enviados para lugares desérticos ou de climas áridos, a fim de preservá-los dos efeitos que a umidade e as intempéries podem causar. Grande parte dessas aeronaves são desmontadas para venda de peças de reposição e o descarte de partes inutilizáveis, que são trituradas ou derretidas.

As peças obtidas com o sucateamento podem ter diferentes destinações: móveis, objetos de decoração ou fontes de peças de reposição para aeronaves ativas. Por exemplo, uma mesa feita de peças aeronáuticas pode custar US$ 42 mil.

As empresas de manutenção de aeronaves também estocam essas peças usadas devido à falta de peças de reposição originais, devido a problemas nas cadeias de suprimentos. Os conflitos governamentais influenciam o comércio internacional, criando entraves ao desenvolvimento do setor aeronáutico.

Um exemplo é o conflito dos EUA com a China, que limitou a cadeia de suprimentos da Boeing. Esse problema obrigou o fabricante a reduzir o ritmo de produção de suas aeronaves.

Aumento de demanda de motores

Assim como as peças usadas, os motores de aluguel são cada vez mais procurados pelos operadores. No final de abril, a American Airlines vendeu nove Boeing 757 e seus motores como fontes de peças. Essas máquinas serão usadas para reparar aviões de carga AAR de arrendadores.

Esse aumento na demanda gerou um aumento no custo do aluguel dos motores. Segundo Rob Morris, da agência Cirium, um motor CFM56 é atualmente alugado por US$ 65 mil por mês, enquanto em 2022 foi paga uma taxa mensal de US$ 55 mil.

A Airbus enfrenta contratempos na Família A320neo devido à falta de motores Pratt & Whitney. A aviação comercial na Índia está passando por sérios problemas pelos mesmos motivos que o fabricante europeu. A IndiGo teve que pousar 36 aviões e a Go First outros 24.

Conflito com a Rússia beneficia outras companhias aéreas

Conflitos governamentais têm historicamente gerado crises no setor, mas em alguns casos o que enfraquece uns fortalece outros. É o caso das sanções impostas à Rússia e aos países associados. A Boeing tem vários 737 MAX armazenados que não serão entregues às companhias aéreas russas.

Essas aeronaves são oferecidas a outras companhias aéreas tanto para adiantar o slot de entrega e reconhecer as receitas, quanto para adquirir novas aeronaves. A Aerolíneas Argentinas recebeu dois 737 MAX que estavam prontos para serem entregues à Belavia Air e espera receber outros três nos próximos meses. A Qatar Airways receberá nove 737 MAX que pertenciam à S7 Airlines.

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