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Novela do avião vinculado ao Irã, que foi preso em Buenos Aires, gera novos capítulos

Foto: Conviasa

O mistério em torno do avião iraniano detido em Buenos Aires continua a gerar “novos capítulos”. Na quarta-feira (15), a companhia venezuelana Conviasa, que opera a aeronave apreendida, mudou o itinerário de uma outra operação para a capital da Argentina, com medo de que um segundo avião ficasse retido.

Como relata o Aviacionline, às 10h locais de quarta, um voo especial da Conviasa partiu de Caracas com destino a Buenos Aires. O voo era realizado num Airbus A340-600 de matrícula YV-3535, recentemente incorporado à companhia aérea venezuelana. No entanto, apesar da aeronave ter autonomia mais do que suficiente para a rota, ela seguiu por um trajeto diferente do usual.

Em decorrência da apreensão na Argentina do Boeing 747-300 vinculado ao Irã, e que é operado pela Emtrasur Cargo (controlada pela Conviasa), o voo de ontem ganhou uma escala extra em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

Num comunicado aos passageiros (abaixo), a aérea venezuelana informou que se tratava de uma simples parada técnica, quando, na verdade, deveria ocorrer uma troca de avião, com o trecho entre Santa Cruz e Buenos Aires a ser operado por um voo da estatal Boliviana de Aviación (BoA). Por trás da decisão, estava o receio de que o A340, também com laços iranianos, pudesse ficar preso na Argentina.

Voo da Boliviana também cancelado

Acontece que a tentativa da Conviasa driblar a situação não deu certo, já que, ainda na quarta-feira, a Boliviana de Aviación decidiu cancelar os trechos que havia acordado anteriormente realizar entre Santa Cruz de la Sierra e Buenos Aires para completar a viagem que iniciou o Airbus A340-600.

No aeroporto internacional de Santa Cruz de la Sierra, funcionários da empresa boliviana informaram aos passageiros da Conviasa que a operação do voo OB-9708 para Buenos Aires havia sido cancelada. De acordo com a mídia venezualena Monitoreamos, as autoridades argentinas “negaram a autorização de operação” e os passageiros que deixaram Caracas deveriam retornar à origem.

Entenda a história

Tudo começou na última segunda-feira, dia 6, quando um jumbo da estatal venezuelana Emtrasur Cargo pousou em Buenos Aires. A visita do avião per se não era grande novidade, já que a Argentina mantém relações diplomáticas normais com a Venezuela. Mas as autoridades do país vizinho se atentaram a algo estranho naquele voo: havia tripulantes da Venezuela e do Irã na aeronave, sendo que alguns não constavam no manifesto do voo (não foi informado quantos estavam nessas condições).

Um imbróglio se iniciou, os tripulantes acabaram liberados após passar pela imigração com seus documentos autorizados, mas a aeronave está ‘presa’, já que, segundo informações locais, nenhuma empresa argentina quer chegar perto do Jumbo, com medo de sofrer retaliações dos EUA.

Como a aeronave pertenceria à Mahan Air, uma empresa aérea sancionada pelos EUA, qualquer apoio logístico para uma de suas aeronaves poderia causar retaliações americanas, que acusam a companhia aérea de traficar armas para o Irã e seus aliados.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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