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País europeu diz que o F-35 é mais barato que o Gripen e confronta a SAAB

Uma polêmica envolvendo a compra de novos caças na República Checa levou o governo a expor detalhes militares.

Gripen C da República Checa | Foto – DepositPhotos

A Força Aérea da República Checa tem 14 caças Gripen de primeira geração, dos modelos JAS-39C e D, alugados da Suécia, mas encomendou recentemente 24 caças americanos Lockheed Martin F-35A, único caça furtivo multimissão em operação no mundo.

E exatamente por ter uma ampla gama de missões e ter a tecnologia stealth, que torna ele quase invisível aos radares, é um caça conhecidamente mais caro, sendo o avião mais caro a ser desenvolvido nos EUA.

Por este motivo, a opinião pública estava a criticar o governo checo, que não optou por comprar os Gripens de nova geração modelos E e F, que seriam mais baratos segundo as informações disponiblizadas ao público pela SAAB.

Em um extenso comunicado oficial à imprensa, com titúlo “F-35: Resposta às informações erradas e imprecisas”, o Ministério da Defesa da República Checa afirma de maneira clara que o F-35 foi a melhor escolha para o país.

F-35A

Um FAQ, que é uma seção de Perguntas Frequentes, foi montado no comunicado esclarecendo vários pontos da transação para a compra dos novos caças. Os principais pontos colocados são:

De acordo com o material da SAAB, o Gripen é o mais barato em termos de valor de compra e custos de operação. Como é possível que o Ministério da Defesa afirme o contrário?

Nossos cálculos são baseados nas ofertas recebidas pelos governos dos EUA e do Reino da Suécia. A partir deste materiais, é apresentado que o F-35A tem um preço menor que do Gripen E. E apesar de não podermos ser específicos, o material público colocado pela SAAB é dezenas de vezes (percentualmente) menor que o governo sueco ofereceu para nós.

Considerando a nossa operação, fizemos uma metodologia diferente para a comparação, não levando em conta o preço por hora de voo (que é o mais comum), que é impreciso e sem comparação. Mas sim levamos em conta o custo anual de operar 24 aeronaves de cada modelo. O que é importante para nós é quanto irá custar a operação anual, não apenas a hora de voo.

Comparando as informações recebidas e também as disponíveis para os nossos Gripen C/D (que têm um custo mais barato de operação quando comparado com as informações da SAAB), ficou claro que o custo anual de operação incluindo combustível e munição de 24 caças F-35 é menos de 25% a mais que outros caças, incluindo o Gripen C/D. Porém, o F-35 tem mais capacidade que os concorrentes e também um tempo maior de serviço.

E também falando de outras plataformas concorrentes, os dados disponibilizados no material público da SAAB é diferente do que foi encontrado nas informações dispobinilizadas por outros concorrentes.

De qualquer maneira, é verdade que podemos apenas se basear nas informações oficiais disponibilizadas para nós durante a negociação. Dados disponíveis na internet não podem ser usados para planejamento da capacidade de defesa de um país por décadas.

Outras informações foram reveladas pelo governo checo, incluindo que o F-35 deve ficar em operação por 50 anos ao menos a nível a global, com suporte garantido de manutenção e peças até 2080.

Também é esclarecido que não existiu proposta para “Gripens de graça” como havia sido levantado meses atrás, quando a SAAB fez uma oferta dos checos ficarem com os caças Gripen C e D atuais, desde que comprassem 12 novos Gripen E/F, sendo apenas um “brinde” e não de fato uma doação, já que está condicionado à uma nova compra.

Outro ponto criticado é que a oferta da SAAB era “inadequada”, já que apesar de hoje eles terem 14 caças, sempre foi claro que o objetivo são 24 aviões e que seria necessário comprar mais Gripens E/F além dos 12 propostos.

O Ministério da Defesa também afirma que “sem caças de 5ª geração como o F-35, a nossa Força Aérea se colocaria fora da OTAN” dando a entender que a aliança se tornará padrão com caças stealth, apesar da própria Suécia ter se juntado recentemente na aliança com os seus Gripens.

A operação integrada com drones “que transmitem informação direta para o caça” ao invés da inserção manual, pesou para a escolha do F-35A.

A República Checa destacou, por várias vezes, que a SAAB apenas deu os dados de custo operacionais dos Gripens atuais, apenas afirmando que os de nova geração têm um custo um pouco maior, mas sem dar números exatos. Também foi informado que, devido às grandes capacidades do F-35A, o avião de ataque leve Aero L-159 ALCA será aposentado, gerando uma economia de custos.

O AEROIN entrou em contato com a SAAB para esclarecer as informações repassadas pelo governo da Checa, e o Diretor de Marketing do setor aeronáutico da companhia sueca, Mikael Franzén, nos enviou o seguinte posicionamento:

“O Gripen não é mais caro do que o F-35, pelo contrário! Com base em todos os dados publicamente disponíveis, é evidente que o custo de aquisição do F-35 é até 100% superior ao do Gripen, com custos operacionais que chegam a ser duas ou três vezes maiores que o caça sueco. Além disso, é importante destacar que esses números não englobam os consideráveis e ainda desconhecidos custos associados às atualizações do F-35, um tema de grande relevância no momento.

O Gripen atende a todos os requisitos operacionais da OTAN e de forças independentes, destacando-se com um conjunto de capacidades de ponta, que incluem sistemas avançados de sensores totalmente integrados e de amplo espectro, como radares de varredura eletrônica (Active Electronically Scanned Array – AESA), sensor passivo de busca de alvos por infravermelho (Infra-Red Search and Track – IRST) e outros sistemas que garantem uma consciência situacional sem precedentes e superioridade no campo de batalha.

O alto nível de fusão de sensores do Gripen é apoiado por funções de colaboração homem-máquina no cockpit, que inclui uma ampla tela panorâmica (Wide Area Display – WAD) e utiliza elementos da tecnologia de inteligência artificial (IA) para auxiliar o piloto. Além disso, o Gripen possui um robusto sistema de guerra eletrônica que assegura a liberdade de movimento e ação, mesmo em espaços aéreos intensamente defendidos.

O Gripen também traz a mais ampla variedade de armamentos disponíveis entre todas as aeronaves de combate no mercado atual. Sua arquitetura aviônica exclusiva permite rápida adaptação e aprimoramento em todos os aspectos da aeronave, resultando em economia e capacidades operacionais superiores. O Gripen continua sendo a melhor escolha para as forças aéreas do Brasil, Suécia e muitas outras”

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