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Temos visto que o setor aéreo foi um dos que mais sofreram nessa pandemia. Inúmeros aeronautas e aeroviários foram demitidos e agora tentam sobreviver à escassez de empregos e oportunidades, muitas vezes até mesmo buscando alternativas fora da aviação.
Mas é exatamente neste tempo difícil e desafiador de crise que alguns mostram que é possível se tornar mais forte, resiliente e criativo. Um deles é o piloto mineiro Carlos Soares, que enxergou em sua demissão uma oportunidade de colocar essa criatividade em prática e desenvolver uma ideia, aproveitando-se de uma necessidade criada pela própria crise.
“Em tempos normais, estaria eu, em minha completa ilusão de estabilidade, pensando nas minhas próximas férias. Mas a realidade, em sua majestosa excentricidade, me eletrocutou com a mais dura realidade de todos os tempos: a pandemia”, descreve o piloto em um artigo em seu Linkedin.
Carlos revelou ao AEROIN que trabalhou por anos em diferentes aeronaves e segmentos da aviação nacional, passando pelos segmentos executivo e comercial, em empresas como Flexaero, Twoflex e LATAM, até ser desligado do cargo de copiloto de A320 durante a pandemia.
Porém, alguns meses antes da demissão, já prevendo o pior cenário que se aproximava, decidiu montar uma empresa de tecnologia em sanitização, algo extremamente promissor em tempos de necessidade de descontaminação para proteção contra o Coronavírus.
“Com o apoio familiar e de amigos, criei dispositivos inéditos para a descontaminação de compras e de carrinhos de supermercado, de bagagens e outros fômites (objetos ou substâncias capazes de absorver, reter e transportar organismos contagiantes ou infecciosos)”, comenta Carlos sobre sua ideia.
O piloto nos conta que já no início das negociações com a LATAM, apesar da imensa paixão pela aviação, organizou-se para tentar construir um plano B, para poder resguardar da crise seu filho de 5 anos e sua esposa, bem como aguardar a retomada do setor de maneira mais confortável.
“Essa ideia dos dispositivos é antiga e durante o tempo livre obtido pela licença não remunerada pude me concentrar nas pesquisas, estudando, entre outros, a engenharia dos transportadores industriais, a teoria de irrigação agrícola, novas técnicas de atomização sanitizante e muito da mecânica de fluídos”, descreve Carlos sobre sua dedicação para transformar na MarketClean o que até então eram somente ideias.
“Também me dediquei à certificação da eficiência dos equipamentos e da substância para desinfecção utilizada na aspersão. Para tanto, frequentei diversos laboratórios e despendi dias de consultas e pesquisas com profissionais brasileiros e americanos. Após essa imersão, finalizei os projetos dos dispositivos e levei isso para a produção, me associando a um parceiro industrial que acreditou no negócio. Contei com o apoio familiar e de dois amigos que se tornaram também meus sócios, Kleber Schmidt e Leandro Marins, que também deram o sangue para desenvolver e modernizar ainda mais o projeto.”
O mercado varejista paulista acolheu bem a ideia e os três empreendedores conseguiram iniciar os testes em uma grande rede na Grande São Paulo. O projeto ainda está em seu início, repleto de desafios, mas parece promissor.
Finalizando, Carlos deixa uma mensagem de incentivo a todos que enfrentam o difícil momento da pandemia:
“Como todo bom aviador, sei que sempre deve existir um plano b e c, mas a comodidade de estar amparado por uma grande empresa pode te fazer amar a zona de conforto.
Devemos utilizar a dinâmica voraz do vírus para dar o primeiro passo fora da zona de conforto: adaptar-se, modificar-se a todo momento e aproveitar todas as oportunidades para prosseguir e expandir.
Como empreendedor, eu compreendo, e, como muitos, já previa. O desafio que os gestores estão enfrentando vai além de sobreviver a esse período, pois perpassa o entendimento de seus próprios limites e da capacidade de se adaptarem.
O caminho é promissor, mas nada fácil. E como eu ouvi em um desses desenhos animados, enquanto curtia ao lado do meu filho: ‘as asas de um coração sonhador ninguém irá roubar.'”