Piloto fazendo conserto improvisado na janela do avião pouco antes da decolagem chama a atenção

A United Airlines está no meio de uma investigação da FAA sobre práticas de segurança que estão limitando sua capacidade de expansão. Por exemplo, a companhia não pode abrir novos destinos. Além disso, recentes problemas com aviões da Boeing têm aumentado a sensibilidade em relação à segurança da aviação.

Assim, chamou atenção quando um vídeo começou a circular nas redes sociais mostrando um piloto da United Airlines aparentemente realizando um conserto improvisado em uma janela do avião, pouco antes da decolagem de Denver para Dallas – Fort Worth.

A passageira que registrou essa manutenção pré-voo, que se identifica como uma especialista em crianças chamada Kristin, expressou choque e confusão sobre a situação em uma série de postagens no Instagram. Leiga no assunto, ela destacou a abordagem ativa do piloto em relação ao que “parecia ser um ajuste estrutural crítico, provocando alarme”.

No entanto, não era nada disso, na realidade, já que a “janela” que o piloto estava ajudando a consertar era apenas do revestimento interno da cabine de passageiros e não a janela real da aeronave, localizada na fuselagem.

Naturalmente, o avião operou normalmente e pousou sem incidentes, pois isso não é inédito. Ainda assim, ela se referiu ao pouso como um pequeno milagre – e, indicativo disso, atribuiu ao “temporada do eclipse”.

Explicação de um piloto

O piloto @MCCCANM explicou no Twitter por que isso não é preocupante, ou mesmo incomum: “As janelas do avião consistem em três vidros; os dois exteriores mantêm a pressurização. A janela interna de plástico – que o piloto está consertando abaixo – é para impedir que os passageiros arranhem/lambam as janelas importantes”.

“Se você olhar de perto, há um pequeno buraco no vidro do meio – ele permite que a pressurização estabilize para que o vidro externo seja o principal a suportar a carga. Caso o vidro externo falhe (raridade), o vidro do meio assume (o pequeno buraco não é um problema, aviões vazam por toda parte)”, seguiu.

“Os pilotos têm autorização para realizar certos reparos por conta própria; por exemplo, trocar lâmpadas no cockpit (mantemos um conjunto de reposição) ou redefinir disjuntores. Em alguns casos, os pilotos notificam a manutenção de um problema, que então orienta os pilotos sobre como consertar o item”, continuou.

Ele ainda observou que em um voo recente alguns de seus passageiros “reclamaram que seus fones de ouvido não estavam funcionando… eles os haviam conectado na tomada elétrica”, mas mesmo isso não causou problema, e que o “sistema elétrico do avião teria isolado a falha e cortado a energia”, mesmo se tivesse acontecido.

No entanto, é compreensível que o passageiro médio, que pode voar uma vez por ano, possa achar essa situação estranha.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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