Um piloto da Southwest Airlines, que comandava um Boeing 737 que sofreu um incêndio no motor momentos após a decolagem do Aeroporto Hobby de Houston em agosto de 2023, alega que a companhia aérea tenta demiti-lo após ele deixar os comandos de aeronave com o copiloto durante a emergência, mas não apenas por esse motivo, e sim também porque ele é uma “pessoa de cor” e falou uma “língua inaceitável” ao se dirigir aos passageiros em espanhol, além do inglês.
O aviador veterano David Legeros diz que passou sua carreira orientando grupos sub-representados a pilotar aeronaves e conseguir emprego na Southwest, que ainda é dominada pelo que ele descreve como uma ‘supermaioria de pilotos homens brancos’. No entanto, ele afirma que agora sua carreira corre o risco de ser paralisada pela companhia aérea.
Em 15 de agosto de 2023, Legeros era o comandante do voo WN307 da Southwest com serviço programado no Aeroporto Hobby, em Houston, para Cancún, no México. Pouco depois da decolagem, no entanto, o motor direito pegou fogo e sofreu danos severos.
Com chamas claramente visíveis de dentro da cabine, Legeros diz que os passageiros estavam “compreensivelmente aterrorizados” com o que estava acontecendo, e para piorar, Legeros temia que o motor pudesse se desprender da aeronave e “efetivamente se tornar um míssil direcionado a Houston”.
Esse medo levou Legeros a deixar o Primeiro Oficial (copiloto) pilotando o avião enquanto ele trabalhava com o controle de tráfego aéreo, para organizar um retorno de emergência a Houston e para se comunicar com os passageiros.
De acordo com o PYOK, é essa decisão que Legeros diz que o colocou em apuros com a administração da companhia aérea, pois os procedimentos operacionais padrão da Southwest exigem que o comandante assuma o controle da aeronave em caso de emergência.
Legeros, no entanto, argumentou que, se ele tivesse assumido o controle de repente, o avião poderia ter sofrido um solavanco súbito, desprendendo o motor em chamas. Em vez disso, ele decidiu se comunicar com os passageiros em inglês e espanhol enquanto deixava o Primeiro Oficial no controle.
Após o avião pousar em segurança de volta em Houston, Legeros diz que novamente falou com os passageiros em espanhol e inglês, desta vez tranquilizando-os de que a situação estava sob controle e evitando uma evacuação desordenada e potencialmente perigosa pelas escorregadeiras de emergência.
“Se a Southwest Airlines tivesse decidido recompensar o Sr. Legeros, ou até mesmo ignorá-lo, após seu heroísmo, essa história estaria encerrada, mas a Southwest decidiu puni-lo”, descreve o pedido de liminar contra a companhia aérea apresentado por Legeros em um tribunal distrital de Nova York no final do mês passado.
“Incrivelmente, em vez de elogios, em 19 de setembro de 2023, a Southwest realizou uma reunião para discutir a conduta do Sr. Legeros durante o voo WN307 e, após ‘realizar uma investigação minuciosa’, a Southwest concluiu que o Sr. Legeros ‘se envolveu em má conduta grave’”, continua o pedido.
“Em vez de demissão imediata pelo pecado de levar com segurança uma aeronave em chamas à pista, o Sr. Legeros foi forçado a assinar um ‘Acordo de Última Chance’ com uma miríade de requisitos extraordinários para seu ‘programa de requalificação’”.
Legeros alega que a Southwest já vinha procurando afastá-lo e decidiu usar os eventos de 15 de agosto de 2023 para se livrar dele. Pouco depois da reunião em setembro de 2023, Legeros foi impedido de voar e, em janeiro de 2024, foi informado de que a Southwest queria realizar uma avaliação psicológica conhecida como Avaliação de Aptidão para o Trabalho (Fitness For Duty – FFD).
“Poucas formas são melhores para remover um piloto irritante do que desenvolver um prontuário médico que se propõe a diagnosticar esse piloto como insano”, diz a ação de Legeros. “A Southwest frequentemente emprega essas FFDs com um resultado preordenado para remover pilotos que considera particularmente problemáticos.”
Legeros não pôde comparecer à FFD originalmente agendada, pois seu pai estava no hospital, mas antes que outra avaliação pudesse ser marcada, a Southwest ordenou que ele participasse de uma reunião com o Piloto Chefe da companhia aérea, na qual lhe seria dada a oportunidade de se demitir ou ser demitido.
A Southwest se recusou a comentar os detalhes do processo, pois a ação está pendente, mas, em um comunicado, a porta-voz da empresa, Lynn Lunsford, disse que a Southwest afirma sua decisão de demitir Legeros.
“A Southwest espera que todos os seus pilotos sigam os procedimentos e políticas que existem para proteger a segurança de nossos clientes e funcionários”, disse a companhia aérea no comunicado. “A Southwest afirma sua decisão de demitir o Sr. Legeros e responderá a quaisquer reivindicações no fórum apropriado.”
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