Pelo menos sete pilotos da empresa aérea indiana IndiGo estão sendo investigados por usarem linguagem ofensiva sobre questões salariais em uma frequência usada para comunicações de emergência durante voos, disseram reportagens da mídia local, na quinta-feira (29).
Segundo a investigação, os pilotos estavam expressando infelicidade com o atraso da companhia aérea em restaurar os salários pré-Covid e usaram a frequência 121,5 MHz para isso. Esta frequência deve apenas ser usada em casos de emergência para entrar em contato com qualquer instalação de controle de tráfego aéreo dentro do alcance.
O incidente aconteceu em 9 de abril, quatro dias depois que a IndiGo suspendeu cerca de seis pilotos que planejavam organizar uma greve em protesto contra os cortes salariais, que foram implementados durante o pico da pandemia de Covid-19.
Denúncia
Funcionários do Controle de Tráfego Aéreo fizeram uma denúncia sobre o comportamento dos pilotos e o DGCA, órgão regulador de aviação indiana, está investigando o incidente. Se for provado que há culpa, os pilotos podem perder suas licenças. O regulador tem uma visão forte sobre isso, pois a disciplina durante a transmissão de rádio é uma parte fundamental do treinamento do piloto.
“Como todos os pilotos sabem, a frequência 121.5 é dedicada a emergências e socorros da aviação, e as regras proíbem mensagens falsas de socorro e emergência e todas as comunicações supérfluas nesta frequência. O ATC monitora a frequência de 121,5 para aeronaves em perigo e é imperativo que isso seja mantido”, disse um porta-voz da DGCA.
Empresa se pronuncia
A mídia indiana reporta que, poucos dias após o incidente, o departamento de operações de voo da IndiGo enviou um memorando aos pilotos, lembrando-os de manter a disciplina durante a transmissão de rádio.
”A transmissão de rádio é um dos parâmetros mensuráveis de profissionalismo e disciplina em uma companhia aérea e a IndiGo se orgulhava de ser quase exemplar nesse aspecto. Infelizmente, no passado recente, houve atos de uso indevido de transmissão de rádio que foram identificados e estão sendo adequadamente tratados”, escreveu Rakesh Srivastava, piloto-chefe da IndiGo, aos pilotos.
Multa em outros países
O uso indevido da frequência 121,5 é tratado com seriedade em mercados de aviação desenvolvidos, como os EUA, onde a primeira violação pode custar ao autor até US$ 19.246, com multas por violações chegando a US$ 144.000. As regras do regulador de aviação dos EUA, a FAA, afirmam que, em tais casos, o equipamento de rádio do infrator também pode ser confiscado e possíveis acusações criminais apresentadas.
Em 1º de abril, a IndiGo anunciou sua decisão de aumentar os salários dos pilotos em 8%, dizendo que outro aumento de 6,5% será implementado em novembro, caso não haja interrupções.
