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Porta do 737 MAX ficou sem parafusos porque funcionários esqueceram da papelada, afirma Boeing

A porta tampão que saiu do voo AS1282 | Divulgação – NTSB

A Boeing acabou vazando informações da investigação sobre o caso da porta tampão que saiu voando de um jato 737 MAX 9 da Alaska, durante uma coletiva de imprensa dentro da fábrica do 737, em Renton, no estado americano de Washington.

Mesmo sendo uma informação confidencial da investigação, representantes da fabricante falaram para toda a imprensa que existiam dois grupos responsáveis pela montagem da porta do MAX 9 da Alaska: um que seria responsável por retirar a porta e tirar os parafusos, e outro que colocaria os novos parafusos e instalaria a porta.

O motivo desta retirada é o fato de que a Spirit AeroSystems colocou parafusos fora de especificação no 737 MAX.

Os funcionários que retiraram a porta tampão acabaram não “anotando” o serviço no diário de manutenção e montagem da aeronave. Com isso, o grupo que seria responsável pela remontagem não ficou ciente da situação e achou que esta tarefa não havia sido feito ainda ou que não era necessária, e por isso não iniciaram a sua.

A situação piorou, já que, após retirarem a porta tampão, outros funcionários a recolocaram no lugar, já que o jato iria para parte externa do fábrica de Renton e ficaria exposto ao tempo sempre chuvoso do Pacífico Norte, e por isso era recomendável que o 737 ficasse completamente fechado.

As portas sempre são fechadas antes do avião ir para fora, o time que faz isso não é responsável por instalar os parafusos. A reinstalação permanente é feita por outra equipe, baseada na papelada que mostra o que ainda deve ser feito. Mas como não haviam documentos preenchidos, ninguém sabia que algo deveria ser feito“, afirmou em entrevista à CNN a Vice-Presidente Sênior de Qualidade da Boeing, Elizabeth Lund.

Como a investigação está bem próxima da conclusão, é bem provável que as principais causas que levaram ao incidente sejam relacionadas à fatores organizacionais na Boeing, que permitiram que um avião saísse da linha de montagem sem todos os procedimentos previstos.

Mas a NTSB, órgão responsável pela investigação, não emitiu relatório final e condenou as falas de executivos da Boeing, sancionando a empresa e limitando sua participação nas investigações daqui em diante.