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Reunião destacou impactos do fechamento do Aeroporto Internacional de Porto Alegre no turismo e eventos

Imagem: Fraport Brasil

A Câmara Municipal de Porto Alegre (RS) realizou uma reunião pública na tarde da última terça-feira (25) para debater o retorno das operações do Aeroporto Salgado Filho e a retomada do turismo de eventos em Porto Alegre. O encontro ocorreu no Plenário Otávio Rocha e foi conduzido pelo presidente do Legislativo, vereador Mauro Pinheiro (PP).

Representando o governo estadual, o secretário de Turismo, Luis Fernando Rodriguez Jr, afirmou que o aeroporto Salgado Filho permanecer fechado impacta toda a economia de turismo e eventos do Rio Grande do Sul, que representa 15,3% da movimentação econômica de Porto Alegre. Haverá cerca de R$ 1 bilhão de prejuízo para a Fraport, empresa responsável pelo aeroporto, e R$ 3,2 bilhões se ele for reaberto apenas no mês de dezembro, a atual previsão.

Além disso, haverá prejuízos de companhias aéreas, hotéis, locadoras e estacionamentos, pontos cruciais do turismo da capital gaúcha. O secretário também destacou que conversou com a presidente do Conselho Regional de Engenharia e a mesma colocou à disposição centenas de profissionais para ajudar o aeroporto.

Hoje, com o aeroporto fechado, ele representa R$ 15 milhões de prejuízo para todo o ecossistema que vive desse aeroporto. Temos que adotar todos os mecanismos necessários para sua pronta reabertura. Tenho a firme convicção que qualquer instituição da República vai fazer o máximo possível para que esse aeroporto seja aberto no menor prazo aceitável. Qualquer prazo que passe do mês de setembro neste momento, não é aceitável para a economia de turismo e eventos do Rio Grande do Sul”, disse o secretário.

O presidente do RS Nasce, um movimento de empresas, profissionais, entidades e parceiros da economia de turismo e eventos gaúchos, Vinicius Garcia, cobrou da Fraport mais informações a respeito da atual situação, caracterizando as atuais explicações do envolvimento do governo federal como inconclusivas. O instituto solicitou ajuda dos parlamentares para pressionar a União e a concessionária a explicarem como estão atuando em parceria com o Salgado Filho.

Sem a gente entender que esse equilíbrio econômico vai acontecer, e estamos atentos à mídia, não temos segurança de voltar a trabalhar. Nós estamos sem a Fiergs, que é o principal equipamento de eventos dessa cidade. Não é possível um estado ter um só aeroporto internacional e não é possível uma capital ter apenas um centro de eventos”, disse Garcia. 

Dificuldades

Segundo a presidente da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), Cacá Lima, a indústria está passando dificuldades por conta do fechamento do aeroporto, que não atinge apenas o turismo de quem vem visitar a cidade, mas também os eventos locais, que contavam com o terminal de cargas do aeroporto Salgado Filho:

Como que fazemos um casamento sem as flores lindas que a gente vê nas fotos, que chegam pelo terminal de cargas? Como se resolve isso sem o aeroporto? Concordo que os outros aeroportos seriam a solução, mas, quais aeroportos? Não temos outros aeroportos funcionais dentro do nosso Estado. Eles não nos atendem de forma adequada.”

Complementando a fala de Cacá, o vice-presidente da Porto Alegre Convention & Visitors Bureau, Marcelo Bento, mostrou preocupação com todo o ecossistema do turismo de eventos: “Todo o aparato que vem para fazer um evento, a produção de um show, a produção de um congresso, os próprios palestrantes e congressistas. Vamos dizer para eles virem para Torres, depois irem para Passo Fundo e depois enfrentar três horas de estrada para ir para Porto Alegre?

Conforme Bento, a maioria dos funcionários que montam os eventos foram atingidos pelas cheias, logo, estão impossibilitados de trabalhar: “Não dá mais para esperar vir recurso de seja lá onde for. A mão-de-obra está precarizada porque colaborador não pode ajudar na empresa, pois ele tem que tirar o lodo da sua casa e a gente não tem aeroporto.

O presidente da Comissão Especial de Direito Aeronáutico e Aeroespacial (CEDAEA) da OAB/RS, Eduardo Teixeira Farah, se colocou à disposição para ajudar e destacou que a Fraport não está medindo esforços para realizar a reabertura o mais cedo possível. Além disso, afirmou que não é apenas o aeroporto Salgado Filho que enfrenta problemas no Estado e expressou extrema preocupação a respeito da Rodoviária de Porto Alegre, que, ao contrário do aeroporto, não tem apoio da iniciativa privada.

O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), Eduardo Estimas, afirmou que há um movimento chamado “Nós Vamos Abrir o Aeroporto”, em parceria de políticos, empresários e a indústria de turismo e eventos, que vão até o Salgado Filho protestar pela reabertura do aeroporto e convidou os parlamentares e público presente para participar do ato. “Fraport, entenda, por favor, que queremos ajudar. E governo federal, cumpra sua parte, vamos pensar no povo. O povo pensou no povo o tempo todo neste período.

Fraport

A diretora presidente da Fraport, Andreea Pal, enviou uma nota para o presidente Mauro Pinheiro esclarecendo que não pôde comparecer ao evento por divergências de horários e detalhando a atual situação do aeroporto, afirmando que a empresa responsável está realizando esforços diários para a retomada do Salgado Filho. 

A Fraport tem intenções de transferir a operação de embarque e desembarque de passageiros do terminal temporário no Park Shopping Canoas para o terminal de passageiros do Salgado Filho, porém, enquanto permanecer a interdição estabelecida na medida publicada pela agência reguladora, os voos ocorrerão na base de Canoas. 

Mais de 50 empresas estão atuando no sítio aeroportuário, fazendo a avaliação de todos os materiais e a infraestrutura após alagamento, e foi iniciado o processo de limpeza do terminal de passageiros, acessos viários e das pistas de pousos e decolagens.

O fornecimento de energia ainda não foi restabelecido e o terminal de passageiros está funcionando com transformadores e geradores provisórios. As subestações de energia que redistribuem precisarão ser reconstruídas, o que a Fraport aponta como “um elemento preocupante e dificultador”. 

Foram realizadas extrações de amostras de solo e asfalto da pista de pouso e decolagem com três laboratórios diferentes para analisar a segurança operacional e aeroportuária.  Outros testes chamados de “não destrutivos” já foram realizados e o resultado está aguardado para meados de julho, a partir do qual será possível determinar os impactos sofridos e quais serão as intervenções necessárias.

A diretora também destacou que este período de conclusão de testes foi reafirmado diretamente com o governo federal. Reiterou que não tem intenção de devolver a concessão e que há “total interesse na continuidade do contrato e que acredita na capacidade de recuperação do aeroporto”.

Encaminhamentos

Mauro Pinheiro demostrou apoio ao movimento “Nós Vamos Abrir o Aeroporto” e sugeriu que entidades e parlamentares participem do evento. Ele apontou que o ministro Paulo Pimenta foi convidado para a reunião, mas não compareceu: “O Rio Grande do Sul tem vários municípios que foram atingidos e o ministro não tem condições de atender a todos os vereadores, mas nós estamos falando de Porto Alegre, a Capital de todos os gaúchos, e acho que merecemos uma atenção especial, até porque os problemas que vamos enfrentar no Rio Grande do Sul passam por Porto Alegre. Todo o Rio Grande do Sul depende do Aeroporto Salgado Filho e nós temos urgência em pelo menos saber o que vai acontecer com nosso aeroporto.

Como encaminhamento, Pinheiro exigiu uma audiência pública com caráter de urgência entre a Fraport e o governo federal. Também propôs mais políticas públicas por parte da União para os empresários atingidos: “Precisamos de um programa que diga como vamos pagar os salários dessas pessoas que estão desempregadas porque suas empresas não estão funcionando. Não funcionaram durante 30 e poucos dias porque estavam debaixo d’água, depois mais 30 porque estão retomando. É capaz de quererem cobrar impostos dos períodos em que ficamos fechados.

Informações da Câmara Municipal de Porto Alegre

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