Tudo começou quando, no começo do ano, a Volga-Dnepr se viu sem dinheiro para receber um novo 747-8F, e parecia incapaz de receber também outros três 777F encomendados, solicitando o cancelamento dos pedidos. Desta forma, diante da posição da Volga, a Boeing, decidiu procurar um novo comprador para as aeronaves.
No entanto, com o valor do frete disparando por conta da pandemia, a empresa russa, de alguma forma, conseguiu obter o recurso para ampliar a frota e mudou de ideia, querendo reverter o cancelamento. Mas já era tarde, e a Boeing parecia ter encontrado novos interessados nas aeronaves, embora seus nomes não tivessem sido divulgados.
Russa na justiça
Então, a Volga levou o caso à justiça, alegando que havia apenas alertado a Boeing de que não seria capaz de fazer os pagamentos, mas a fabricante teria levado o caso de forma mais definitiva. O argumento da Volga era de que a Boeing “mudou de ideia e decidiu seguir por um caminho diferente”.
Mas não foi isso o que a justiça entendeu.
Em 3 de junho, a Corte de Justiça Federal do estado de Washington decidiu o processo em favor da Boeing, de forma que a fabricante norte-americana pode prosseguir com o repasse de quatro aeronaves (um 747 e três 777), anteriormente destinadas à Volga-Dnepr, oriundas de um contrato de 2018. A Justiça entendeu que houve quebra contratual por parte dos russos.
Caminho livre
Ainda no começo de junho, o The Seattle Times levantou a questão do porquê da Boeing estar fazendo jogo duro com um cliente importante como a Volga-Dnepr, ao recusar-se a reverter o cancelamento de um pedido e permitir que os russos recebessem seus aviões.
Segundo o periódico, um anexo do processo judicial revelou o motivo: a Boeing tem novos clientes praticamente certos para a compra dos jatos que outrora iriam para a Volga. Mais do que isso, um acordo com um desses clientes poderia adicionar novos pedidos para o 777X e o 787 Dreamliners até o final de junho.
Como o anexo mencionava um dos potenciais clientes operava tanto 777 como 787, e que a Boeing emitiria a esse cliente uma carta de crédito para vários modelos, desde que ele firme contratos definitivos de compra de aeronaves B777-9 e B787 adicionais, então começaram as especulações. Havia um número limitado de potenciais clientes que se encaixavam nas especificações acima, sendo eles a All Nippon Airways, do Japão, a EVA Air, de Taiwan, ou uma das grandes companhias aéreas estatais chinesas.
E de fato, segundo matéria da Forbes, a venda de dois dos Boeing 777F confirma-se para a China Cargo, a divisão de carga aérea da China Eastern.
Mesmo assim, a Forbes lança dúvidas sobre essas encomendas-extra do B777 e B787, embora elas sejam totalmente plausíveis. Além do mais, ainda resta sabermos quem ficará com o 747F e o outro 777F.