Situação do Aeroporto de Porto Alegre impacta no transporte de órgãos; cerca de 2,7 mil pessoas aguardam transplantes no RS

Aeroporto Internacional de Porto Alegre – Imagem: Fraport Brasil

As inundações que atingiram o Rio Grande do Sul nas últimas três semanas tiveram consequências graves, inclusive na área da saúde. O Estado foi temporariamente retirado da rede nacional de envio e recebimento de órgãos e tecidos para transplantes devido ao fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, desde o dia 3 de maio. Este aeroporto é o principal ponto de chegada e saída de órgãos destinados a transplantes no Estado.

A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou à BBC News Brasil que a suspensão das ofertas de órgãos provenientes da Central Nacional de Transplantes ocorreu por causa da falta de acesso ao aeroporto Salgado Filho. Atualmente, apenas as pistas de Caxias do Sul e Canoas são utilizadas para esse fim. Segundo a secretaria, o Estado tem 2,7 mil pessoas na fila de espera por um transplante.

Consequências da Suspensão dos Transplantes

Rogério Caruso, chefe da divisão de Regulação Hospitalar do Estado, explicou que a interrupção na rede de transplantes coloca em risco a vida de alguns pacientes, especialmente aqueles em estado mais grave. Ele destacou que a decisão de suspender a recepção de órgãos foi tomada em função do fechamento do aeroporto e que a retomada dos transplantes depende da reabertura do Salgado Filho ou da disponibilização de voos pela Força Aérea Brasileira (FAB).

Normalmente, o transporte de órgãos entre estados é realizado por meio de voos comerciais, graças a um convênio entre o governo federal e as companhias aéreas. Em casos especiais, a FAB pode realizar o transporte.

O Rio Grande do Sul é um dos estados que mais realizam transplantes no Brasil. Em 2023, foram 733 transplantes, o quinto maior número do país, ficando atrás apenas de São Paulo, que teve 2.955 procedimentos. Caruso explicou que o Estado recebe muitas ofertas de órgãos de outras regiões do Brasil devido à disponibilidade de equipes especializadas em quase todos os tipos de transplantes.

As enchentes, no entanto, prejudicaram não só a recepção de órgãos de fora do Estado, mas também a captação interna, comprometendo o funcionamento dos hospitais e bloqueando diversas rodovias. Isso levou o governo a suspender temporariamente as captações de órgãos disponíveis para transplante dentro do Estado.

Apesar dos desafios, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul autorizou, em 15 de maio, a retomada da captação de órgãos para transplante dentro do Estado. Desde o início das inundações, foram realizados 30 transplantes de córnea com órgãos já disponíveis nos estoques estaduais. A nota da secretaria também destacou o uso de helicópteros da rede aeroviária nacional para facilitar o transporte de órgãos, tecidos e pacientes dentro do Estado.

No momento, as autoridades locais não consideram transferir pacientes que precisam de transplantes para outros estados, onde poderiam receber órgãos caso houvesse disponibilidade.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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