Traficante que exportava drogas por voos saindo do Aeroporto de Viracopos pega 112 anos de prisão

Imagem: Aeroportos Brasil Viracopos

O condenado R. E. D., um dos líderes de uma organização criminosa envolvida no envio de cocaína à Europa pelo Aeroporto Internacional de Viracopos em Campinas (SP), foi sentenciado a mais de 112 anos de prisão por envolvimento em lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas.

Ele era alvo de uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e dirigia uma rede familiar dedicada a ocultar os recursos provenientes do tráfico de drogas. As operações incluíam a movimentação de dinheiro em espécie, transações financeiras ilegais e a aquisição de propriedades e veículos sem registro.

A esposa de R., G. da S., também foi condenada por participação nos crimes. Segundo a sentença da 1ª Vara Federal de Campinas, ela deverá cumprir 35 anos de prisão. Além do casal, as condenações incluem duas irmãs do traficante (M. H. D. A. e M. C. D. dos S.), dois cunhados dele (C. A. dos S., marido de M. H. D. A., e R. A. da S., irmão de G. da S.) e o operador financeiro A. de A. A. Somadas, as penas chegam a 206 anos de detenção.

R. E. D. era peça-chave nas atividades de tráfico desbaratadas em 2020, na chamada Operação Overload. Ele intermediava as remessas de cocaína com destino a terminais europeus, mantinha contato com fornecedores da droga e realizava a distribuição de valores obtidos com as vendas. Também a pedido do MPF, o traficante já havia sido condenado em 2022 a outros 26 anos e 9 meses de prisão por sua atuação no esquema instalado no aeroporto de Viracopos (processo número 0000424-74.2019.4.03.6105).

Lavagem 

Parte do dinheiro obtido com o tráfico foi apreendido em posse de R. E. D., em setembro de 2020. Autoridades encontraram R$ 342 mil em espécie, além de grande quantidade de dólares e euros. As investigações demonstraram que outra parcela dos recursos ilícitos circulava pelo sistema bancário por meio das contas de suas irmãs, da própria filha – menor de idade – e de empresas registradas em nome de laranjas.

A empresa AAX Consultoria em Gestão Empresarial, de A. A., era utilizada como intermediária para a lavagem das quantias. Isso era feito através de empréstimos que eram simulados como contratos de compra e venda entre membros da família de Roberley e os indivíduos que recebiam esses empréstimos. O MPF ainda ressalta que tais transações não contavam com a autorização do Banco Central e não eram submetidas à fiscalização do sistema financeiro.

A outra vertente de lavagem baseava-se na aquisição de bens. As apurações revelaram que o dinheiro da exportação de drogas foi usado para a compra de 13 veículos e nove imóveis, todos sem registros que apontassem para o verdadeiro dono: R. Entre essas propriedades estão participações em um hotel em Foz do Iguaçu (PR) e uma chácara em Monte Mor (SP), documentada em nome de R. da S., mas cuja piscina tem a inscrição “Família Delgado” feita com azulejos.

Esquema 

O tráfico pelo Aeroporto Internacional de Viracopos envolveu uma extensa rede de operadores, entre fornecedores de drogas, articuladores de logística e funcionários do terminal. A cocaína era acondicionada em bagagens convencionais.

Informações internas repassadas aos traficantes permitiam à organização criminosa mapear as rotinas de vistoria de cargas, as trocas de turno das equipes e as brechas de segurança que possibilitariam o trânsito das malas até as aeronaves. Durante as investigações, autoridades conseguiram apreender 138 quilos de entorpecentes negociados pelo grupo.

Informações do Ministério Público Federal

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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