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Universal Hydrogen, pioneira do voo movido a hidrogênio, vai à falência após queimar US$ 100 milhões

A Universal Hydrogen, startup voltada para a aviação movida a hidrogênio, suspendeu suas operações após consumir os 100 milhões de dólares que havia captado. A empresa, que foi apoiada por grandes nomes como GE Aviation, Airbus Ventures, Toyota Ventures, JetBlue Ventures e American Airlines, além de diversos dos maiores produtores mundiais de hidrogênio verde e principais investidores financeiros, não conseguiu mais recursos e faliu.

A empresa se destacou em março de 2023 quando realizou um voo num De Havilland Dash 8-300 modificado com um sistema de propulsão elétrico alimentado por hidrogênio acoplado na asa direita da aeronave. O sistema incluía um motor de classe megawatt construído pela MagniX. O motor do lado esquerdo permaneceu sem modificações, para servir como um backup.

A descontinuidade das operações foi sinalizada em uma carta enviada aos acionistas em 27 de julho por Mark Cousin, presidente e CEO da startup. Conforme o jornal The Seattle Times, a carta de Cousin citou que a empresa foi “incapaz de garantir financiamento suficiente em capital próprio ou empréstimo para continuar as operações e, igualmente, foi incapaz de garantir uma oferta de ação viável para venda do negócio ou saída estratégica similar.”

Apesar desse desfecho, a Universal Hydrogen conseguiu demonstrar sua relevância para as soluções energéticas sustentáveis na aviação. Realizou, em março de 2023, seu primeiro teste de voo do maior avião movido célula de hidrogênio do mundo, com presença de representantes da Connect Airlines e Amelia, que seriam os clientes iniciais dos aviões movidos a hidrogênio nos EUA e na Europa, respectivamente.

A empresa acumulava um crescente livro de encomendas, somando 247 conversões de aeronaves de 16 clientes ao redor do mundo, totalizando mais de 1 bilhão de dólares em conversões e mais de 2 bilhões em serviços de combustível nos primeiros dez anos de operação.

Jon Gordon, Diretor Comercial e co-fundador da Universal Hydrogen, afirmou no Linkedin: “Apesar dos melhores esforços de todos, a UH2 não conseguiu garantir financiamento adicional para avançar. Talvez tenhamos sido prematuros. Talvez não conseguimos convencer o mundo de que o hidrogênio, e não apenas os combustíveis de aviação sustentáveis, são necessários para o futuro da aviação. O tempo dirá.”

Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.