Veja o que pilotos russos abatidos e capturados falam sobre os ataques à Ucrânia

Dois pilotos de aviões de caça russos que foram abatidos e capturados na Ucrânia prestaram informações durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 11 de março, e falaram sobre as ordens do presidente Vladimir Putin. Eles comentaram sobre já saber dos ataques desde janeiro, sobre instruções para atacar alvos civis e sobre acreditarem que a Rússia já perdeu a guerra.

No vídeo a seguir, você pode usar as configurações no canto da player para adicionar legenda e também para acionar a tradução automática para o português. Além disso, abaixo, deixamos descrito a maior parte do que foi dito pelos pilotos, tanto neste vídeo quanto em outros trechos publicados pelas mídias ucranianas desde ontem:

O tenente-coronel e vice-comandante do 47º Regimento de Aviação, Maksym Kryshtop, afirmou que tomou conhecimento sobre os ataques à Ucrânia ainda em janeiro de 2022.

Depois disso, segundo ele, começou a entrega de munição para a aeronave. Ao mesmo tempo, eles começaram a treinar, mas sob o disfarce de se tratar de um treinamento conjunto com a Bielorrússia. Foram voos em altitudes extremamente baixas e treinando em detecção de defesa anti-aérea.

Depois, a ordem de combate para atacar o território da Ucrânia chegou à unidade na noite do dia 23 de fevereiro. “Fiz o primeiro voo de combate em 24 de fevereiro para destruir a força de combate ao sul do assentamento de Balakleya. O ataque foi realizado por bombas de alto poder explosivo, pesando 3 toneladas. O alvo foi atingido”, disse.

Ele fez outro voo em 3 de março com projéteis semelhantes. Seu alvo era uma coluna de tropas ucranianas perto de Izyum, na região de Kharkiv.

O terceiro voo ocorreu em 6 de março, com mais toneladas de bombas. Ele afirma que ali percebeu que seus alvos não eram mais construções militares, mas sim prédios residenciais civis, mas seguiu as “ordens criminais” recebidas. Em seguida ao ataque, ele foi abatido pela defesa aérea, após o que a Guarda Nacional o prendeu.

Ele afirmou que reconhece e admite que cometeu crimes hediondos, pediu desculpas ao povo ucraniano e disse que fará todo esforço possível para que a guerra acabe. “Não siga ordens assim, existe essa oportunidade. Eu demonstrei fraqueza, covardia e o fiz. Eu espero profundamente que nossas lideranças em todos os níveis tomem consciência e parem de destruir cidades pacíficas”.

Maksym disse que conversou com pessoas na Ucrânia e elas lhe disseram que não viram essa escala de destruição nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. “A cidade de Kharkov deixou de existir sob o bombardeio das forças armadas russas. Infelizmente, por muitas gerações à frente, as consequências permanecerão na memória e no coração de todas as pessoas”.

O outro piloto prisioneiro, Major do Esquadrão de Aviação Oleksiy Golovensky, afirmou que seu regimento havia sido colocado em prontidão de combate na véspera do ataque à Ucrânia.

Ele disse que tinha feito sete missões de reconhecimento. Em particular, nas águas dos mares Negro e Azov. O apoio aéreo foi fornecido por aeronaves baseadas na Crimeia.

“A liderança forneceu informações de que a Ucrânia é fraca em defesa aérea, então nos disseram para invadir e não ter medo de nada. Como resultado, em 5 de março, quando recebi ordens, fui enviado para Mykolayiv. Depois disso fui abatido, ejetado e capturado”, disse.

Ele disse que sua liderança o enviou para a morte. Ele disse que não entendia “por que eles foram enviados como bucha de canhão”. O piloto também pediu a outros militares que parem e interrompam as hostilidades porque “não temos motivos para lutar contra o povo da Ucrânia”.

Ambos os pilotos afirmaram que acham que a Rússia já perdeu essa guerra.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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