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Vento e pane nos flaps fazem Boeing 737 pousar com menos que a reserva mínima de combustível exigida

Investigadores dinamarqueses da Havarikommissionen (responsável pela investigação de acidentes no país) determinaram que o consumo adicional de combustível decorrente de uma situação adversa com os flaps resultou no pouso de um Boeing 737-800, em Copenhague, com menos que a reserva mínima de combustível exigida, em 21 de dezembro do ano passado.

Voo atrasado

A autoridade de investigação afirma que uma falha no sensor, posteriormente resolvida, atrasou a partida do 737 de Hurghada, no Egito, em 28 horas. Originalmente, o voo fretado teria como destino a cidade de Billund.

Quando a tripulação atualizou o plano de voo, baseou-se numa exigência mínima de combustível de 16.814kg, embora o centro de controle operacional da companhia tenha comunicado uma cifra revisada de 17.400kg devido a uma nova previsão dos ventos em altitude.

A tripulação não conseguiu atualizar o plano de voo com a previsão de ventos, mas – continuando a usar a cifra básica de 16.814kg – optou por adicionar 1.186kg de combustível extra para levar em conta a previsão de ventos, o problema técnico e a possibilidade de tempestades na chegada à Dinamarca.

Ventos mais fortes

A Havarikommissionen afirma que este combustível extra proporcionou uma “margem operacional razoável”. Porém, à medida que o voo avançava, a tripulação notou uma redução no combustível estimado para o pouso – de 4.000kg para 3.200kg – devido a ventos contrários mais fortes do que o esperado, optando por mudar o aeroporto alternativo de Gotemburgo para o mais próximo, Copenhague.

Apesar da alteração, os pilotos julgaram que seria possível seguir para Billund, destino original do voo. A aeronave tinha 3.278kg de combustível a bordo quando realizou a sua aproximação ILS para a pista 27 de Billund, com fortes ventos soprando do noroeste.

Embora o 737 estivesse estável, a tripulação recebeu um aviso de cisalhamento de vento a 300 pés e executou uma arremetida. Mesmo embora fosse selecionado um flap de 15° para a nova subida, o indicador de posição mostrava 13° e a tripulação começou a executar a checklist “flap disagree” antes de avisar que estavam desviando para Copenhague.

O avião foi liberado para 18.000 pés e uma aproximação à pista 30 de Copenhague. Cálculos de combustível revistos, baseados na configuração anormal dos flapes, indicaram um tempo de voo de 20 minutos e combustível restante para 38 minutos.

A reserva mínima final requerida de combustível era de 1.118 kg, e a tripulação declarou uma emergência de combustível, com os controladores sugerindo Roskilde como um possível local de pouso alternativo. Os pilotos optaram por continuar para Copenhague, com base nas condições meteorológicas, e a aeronave pousou em segurança com 999 kg de combustível restante.

Dados do gravador de acesso rápido indicaram que a aeronave passou por quatro casos de excesso de velocidade do flap durante a arremetida, um dos quais coincidiu com o movimento da alavanca do flap para 15° pelos pilotos.

Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.