Voa Prates propõe instalar hub de drones e eVTOLs no terreno do Aeroporto Carlos Prates (MG)

Aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte – Imagem: Infraero

Na última quinta-feira (22), a Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, realizou uma audiência pública para debater a proposta de reativação do Aeroporto Carlos Prates, cujas atividades foram interrompidas no último mês de abril, por decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Durante a audiência, requerido pelo vereador Wesley Moreira (PP), representantes da Associação Voa Prates – integrada por empresas concessionárias, trabalhadores e usuários do aeródromo – defenderam a reativação dos serviços e apresentaram proposta de revitalização do espaço, que prevê a instalação, com recursos da iniciativa privada, de equipamentos que beneficiariam a comunidade e que poderiam estimular a geração de emprego e renda, a partir da exploração de diferentes vertentes dos negócios associados à aeronáutica.

Já a Prefeitura de Belo Horizonte, que há pouco mais de dois meses assumiu a guarda do terreno, apresentou proposta de implantar, no local, habitações de interesse social e equipamentos públicos, como escola e centro de saúde. Representantes do Executivo presentes na audiência afirmaram, contudo, que o poder público municipal se mantém disposto a dialogar com a comunidade a respeito da melhor forma de ocupação do espaço.  

Segundo Estevam Velasques, presidente da Associação Voa Prates, o Aeroporto Carlos Prates abrigava cerca de 15 empresas, além de capacitar mil pilotos por ano. Caso o fim das atividades se torne definitivo, pelo menos 500 pessoas perderão os empregos e vários estudantes não poderão concluir seus cursos, já que Belo Horizonte não conta com nenhum espaço que possa suprir a demanda de formação de aviadores atendida no local. 

Para o vereador Wesley Moreira, o fim das atividades do aeroporto coloca Belo Horizonte na contramão do desenvolvimento e impõe à cidade um retrocesso de décadas no campo da aeronáutica e da mobilidade. Ponto de vista semelhante foi defendido pelo vereador Braulio Lara (Novo), que fez coro à defesa da reabertura do equipamento, destacando que ele contribui para trazer mais desenvolvimento econômico e riquezas para BH, sendo um polo de educação e de geração de emprego e renda para uma série de atores que trabalham e empreendem no mercado da aeronáutica.  

Revitalização do espaço 

Além da retomada do funcionamento regular do aeroporto, a Associação Voa Prates propõe que sejam implantados no local uma série de equipamentos de interesse público, entre os quais um museu da aviação, novos hangares, centros comerciais, espaço para oferta de cursos técnicos, além de ambiente para pouso, decolagem e manutenção de aeronaves não-tripuladas, como drones e os eVTOLS, veículos aéreos elétricos que podem transportar mercadorias e, em breve, até mesmo passageiros.

Segundo Estavam Velasquez, os investimentos necessários e as respectivas contrapartidas seriam financiados por agentes da iniciativa privada, que atuam em diferentes campos da economia da aviação. Outra proposta é que a pista de pouso do aeródromo possa ser utilizada para recebimento de pacientes e órgãos para transplantes, tendo em vista a proximidade com hospitais e outros equipamentos de saúde. 

Moradores do entorno do aeroporto, presentes na audiência, manifestaram apoio à propostas e defenderam a retomada das atividades do aeroporto, apresentando, entre outros argumentos, o entendimento de que o abandono do local poderia trazer riscos à segurança da comunidade. 

Habitações de interesse social

Desde 1º de abril, quando as decolagens no aeroporto Carlos Prates foram proibidas pelo poder público federal, a Prefeitura assumiu a guarda e a vigilância da área, que tem mais de 500 mil m². Em junho deste ano, representantes do Executivo entregaram para a Secretaria de Patrimônio da União, em Brasília, uma proposta de urbanização do local, que inclui a implantação de habitações de interesse social, parque, centro esportivo, escolas de ensino infantil e fundamental, centro de saúde e unidade de pronto atendimento (UPA). 

Diante das reivindicações da Associação Voa Prates e dos moradores do entorno, Pedro Maciel, subsecretário municipal de Planejamento Urbano, esclareceu que as perspectivas de urbanização do local configuram apenas uma proposta, e não um projeto definitivo, destacando que não estão fechadas as portas para que haja mais discussões com a comunidade no sentido de avaliar a melhor destinação para o espaço. 

Segurança

Entre aqueles que defendem o fechamento do aeroporto Carlos Prates, um dos argumentos mais frequentes diz respeito ao risco que a operação do equipamento impõe à população do entorno, tendo em vista o perigo de desastres aéreos na região. No entendimento de Estevam Velasquez, no entanto, essa percepção não estaria em conformidade com os fatos.

Segundo ele, nos últimos 20 anos, apenas três acidentes com quatro vítimas fatais foram registrados no Carlos Prates, enquanto cinco acidentes com 14 mortes ocorreram no Aeroporto da Pampulha. Além disso, nenhum desses desastres envolveu aeronaves de instrução. Ainda de acordo com Velasquez, o incremento da segurança da pista poderia se dar por meio da adoção de tecnologias que são de uso corrente em diferentes partes do mundo, como o Sistema de Desaceleração com Materiais Projetados, conhecidos como Emas (sigla em inglês para Engeneering Material Arresting Systems), que facilitam a frenagem dos aviões, reduzindo riscos associados a desvios de rota na pista. 

Informações da Câmara Municipal de Belo Horizonte

Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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