Um desvio de quase mil quilômetros foi feito por um avião de uma companhia aérea iraniana, que iria pousar na Alemanha, mas acabou na Itália.
Tudo aconteceu durante o voo IR-723 da Iran Air na data de ontem, 6 de setembro, entre Teerã, capital do Irã, e Hamburgo, na Alemanha. O voo foi realizado pelo Airbus A330-200 de matrícula EP-IJB, um dos poucos que a empresa iraniana conseguiu receber e um jato que iria originalmente para a Avianca Brasil, onde receberia o registro PR-OCF.
O voo, normalmente, dura quase 5 horas, porém, ao chegar em Hamburgo, a aeronave teve que realizar uma série de órbitas (voltas padronizadas) esperando o tempo melhorar para conseguirem realizar o pouso, o que não ocorreu. Por causa disso, a tripulação foi obrigada a alternar o voo.
O chamado voo alternado é comum e previsto para todo os voos comerciais, não sendo uma novidade per se, mas neste caso teve um detalhe especial: a aeronave alternou para um aeroporto muito, muito distante.
Após ver que não conseguiria pousar em Hamburgo, o A330 rumou para o sul da Alemanha, passando perto da fronteira com a Holanda e das cidades alemãs de Colônia, Frankfurt, Stuttgart e a suíça Zurique. Acontece que ele só foi pousar na Itália, mais precisamente em Milão, que é distante 894 km em linha reta de Hamburgo.
Se todas as outras cidades sobrevoadas contam com aeroportos internacionais altamente equipados e capazes de receber o A330, por que ele foi para a Itália?
A resposta
A resposta para isso está associada não à Alemanha, Itália ou Irã, mas sim aos EUA. O governo americano, desde 2011, coloca sanções às empresas que colaborarem com o Irã, incluindo a Iran Air que é uma companhia aérea estatal. Conforme lembrou o Simple Flying, as sanções dizem que empresas estrangeiras que negociem com a Iran Air e tenham representações nos EUA, como a Shell e a AirBP, sejam punidas caso façam venda de combustível para a companhia iraniana.
Com isso, o A330 sempre decolava de Teerã com combustível suficiente para fazer o voo de ida e de volta, o que não é um grande problema do ponto de vista de autonomia, já que o jato voa confortavelmente por 12 horas sem escalas. No entanto, o jato mais pesado consome bem mais do que o de alguma concorrente na mesma rota.
Esse desvio para Milão seria exatamente para poder reabastecer, embora haja dúvidas sobre quem prestou o serviço de abastecimento (essa talvez seja a pergunta de um milhão de dólares). No final, o A330-200 seguiu ainda ontem para Hamburgo quando o tempo abriu, e depois voltou para Teerã.