Sindicato se posiciona contra fim obrigatoriedade de curso para comissários

O Sindicato Nacional dos Aeronautas declarou é contra a decisão da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que pôs fim à obrigatoriedade de curso para comissários de voo.

Divulgação – American

O entendimento deste sindicato, que representa os comissários de todo o país, é que a retirada da menção a comissários de voo seria indevida.

A Anac aprovou, no dia 7 de fevereiro, o novo RBAC (Regulamento Brasileiro de Aviação Civil) nº 63, que trata dos requisitos para concessão de licenças a mecânicos e comissários de voo, em substituição ao RBHA (Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica) nº 63.

Em 2020, o SNA realizou uma consulta aos tripulantes de todo o país e os comissários de voo foram contra a proposta da Anac.

O SNA propõe que no RBAC nº 63, seja mantida a obrigatoriedade de realização de curso de formação sob o RBAC nº 141, sendo dever da Anac continuar certificando os cursos de comissários de voo. Aceita-se, somente, a alteração à menção ao RBHA 63 para que conste RBAC 63.

É importante ressaltar, conforme mencionado no formulário de análise para proposição de ato normativo (Fapan) para a consulta pública em questão, a não obrigatoriedade do curso em CIAC pode vir a acarretar uma transferência dos gastos com a formação, antes custeada pelo aluno, para o operador aéreo.

Isso se deve ao fato de que o operador aéreo irá necessitar de departamentos de treinamento e seleção mais robustos para realizar treinamento e seleção dos candidatos com o perfil desejado pela empresa, acarretando, assim, em custos adicionais.

A falha na execução de um processo seletivo mais criterioso pode ocasionar em um número maior de comissários descomprometidos e desmotivados, aumentando a rotatividade no setor e, mais uma vez, levando a gastos adicionais para o operador. No entanto, nada impede que o operador estabeleça critérios adicionais de seleção a fim de “filtrar” os candidatos e buscar o perfil adequado e, assim, manter um padrão operacional adequado.

Uma preocupação que advém da transferência de custos é o transporte aéreo ser caracterizado por um negócio de alto risco, possuindo custo elevado e margens de lucro bastante reduzidas quando comparado a outras indústrias.

Por mais que os operadores possuam PTO (Programa de Treinamento Operacional) aprovado pela Anac, não pouparão esforços para flexibilizar o treinamento e reduzir os custos relacionados com esta formação, abreviando o curso de forma que certas disciplinas, antes obrigatórias, passem a se tornar opcionais.

Este é um ponto de alerta, devendo haver mecanismos que garantam a manutenção de um nível de segurança operacional igual ou superior aos já existentes. Neste ponto, cabe à Anac fiscalizar com afinco se os padrões estão sendo mantidos para que não haja uma degradação da qualidade do ensino nesses cursos.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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