A renomada fabricante de aeronaves, Boeing, está enfrentando uma série de processos judiciais movidos por trabalhadores que alegam terem sido expostos a produtos químicos perigosos durante seu tempo de trabalho na empresa, resultando em defeitos congênitos em seus filhos.
De acordo com a mídia americana, as últimas ações judiciais, movidas por duas famílias distintas, afirmam que a Boeing não tomou as medidas necessárias para proteger seus funcionários da exposição a substâncias tóxicas, mesmo tendo conhecimento desde a década de 1980 sobre os possíveis efeitos nocivos dos produtos químicos utilizados nas fábricas.
De acordo com uma reportagem da NBC, um dos requerentes, Mike Evans, que trabalhou na linha de produção do 777 em Everett, Washington, em 2014, alega ter sido exposto a solventes orgânicos voláteis e metais pesados durante seu tempo na empresa, levando ao nascimento de seu filho com espinha bífida e outros defeitos congênitos.
A mãe do filho, também funcionária da Boeing, também foi exposta a produtos químicos tóxicos durante a gravidez. Desde o nascimento da criança em julho de 2017, ficou claro que ela será incapaz de levar uma vida independente devido aos seus problemas de saúde.
Embora a Boeing tenha implementado políticas para reduzir a exposição dos funcionários a produtos químicos, os requerentes afirmam que essas medidas nem sempre são cumpridas pelos gestores de produção da empresa.
Outro processo judicial foi movido pelo responsável por abastecer aeronaves de combustível, John Klemming, que alega ter sido exposto a produtos químicos tóxicos que resultaram em defeitos congênitos em seu filho, que foi diagnosticado com síndrome OHDO, defeito do septo ventricular, autismo e deficiência intelectual.
Klemming afirma que sua exposição direta e constante a substâncias tóxicas durante seu tempo na Boeing foi a causa desses graves problemas de saúde em seu filho.
Os efeitos nocivos da exposição química no local de trabalho não afetam somente a saúde dos funcionários em questão, mas também podem afetar a saúde e o bem-estar de seus filhos.
Um relatório divulgado em novembro de 2022 pelo escritório de advocacia Waters, Kraus e Paul, comprovou que a Boeing possuía conhecimento desde os anos 1970 sobre os possíveis efeitos nocivos dos produtos químicos utilizados em suas fábricas, incluindo defeitos congênitos, natimortos, infertilidade, câncer e outras doenças graves.
Michael Connett, sócio do escritório Waters, Kraus e Paul, afirma que a Boeing falhou em sua responsabilidade legal e moral de informar seus funcionários sobre os riscos da exposição química no local de trabalho, deixando-os no escuro e desprotegidos contra possíveis danos permanentes e catastróficos.
Segundo Connett, a empresa tem a obrigação de informar os trabalhadores sobre os perigos dos produtos químicos com os quais trabalham, o que não foi feito no caso dos funcionários expostos a substâncias tóxicas conhecidas por causar defeitos congênitos na Boeing.
Por se tratar de ações judiciais em curso, a Boeing se recusou a comentar, quando indagada pela imprensa americana.