Aéreas russas correm para resgatar seus cidadãos antes que fiquem ‘presos’ no Caribe

Foto de Anna Zvereva, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia

As companhias aéreas turísticas russas estão começando a realizar voos de repatriação saindo Cuba, México e República Dominicana para retirar seus nacionais de lá, na medida em que o espaço aéreo do hemisfério norte se fecha junto com as sanções pela guerra na Ucrânia. Essas companhias seguem os passos da Aeroflot, que também anunciou a suspensão de suas operações para o Caribe, disse uma nota da Associação de Operadores de Turismo da Rússia.

Como consequência do fechamento do espaço aéreo da União Europeia e do Canadá, as companhias aéreas russas de lazer anunciaram a suspensão dos voos para vários destinos. Todas as operações para o México, Cuba e República Dominicana estão planejadas apenas para repatriação, informa o site parceiro Aviacionline.

A companhia aérea Royal Flight, parceira do operador turístico Coral Travel, anunciou a suspensão dos voos para Cuba e República Dominicana. Os turistas atualmente nesses países retornarão de acordo com as datas indicadas em seus bilhetes. Em 28 de fevereiro, a Royal Flight fez um voo de Moscou para Varadero, Cuba, com escala em Kamchatka. Devido ao fechamento do espaço aéreo dos países nórdicos, a duração do voo aumentou de 12 para 20 horas, com uma escala extra.

De acordo com o operador turístico ANEX Tour, no período de 27 de fevereiro a 28 de março, as operações da Azur Air consistiam em voos de Moscou para diversos locais no Caribe. Essas rotas retornarão os turistas com base nas datas de término do pacote turístico antes de 28 de março e depois as rotas estarão suspensas até nova decisão.

O operador turístico PEGAS Touristik informou que os voos de 28 de fevereiro a 28 de março para a República Dominicana, Cuba, México e Venezuela foram cancelados temporariamente, e apenas as operações de retorno serão realizadas para os turistas.

A Aeroflot cancelou seus voos para os Estados Unidos, México, República Dominicana e Cuba, mas, diferentemente das companhias aéreas de lazer, os passageiros têm a opção de reembolso de suas passagens.

Consequências para aéreas e passageiros

De acordo com dados da Rússia, pode haver atualmente de 6.000 a 8.000 russos em Cuba, 3.500 a 4.000 no México e 5.000 a 6.000 na República Dominicana. No total, as companhias aéreas russas teriam que repatriar entre 16.000 e 18.000 turistas russos no Caribe.

“Antes, a rota aérea passava pelos países do Norte da Europa, Canadá e Estados Unidos, e demorava cerca de 12 horas. Agora leva muito tempo para voar para Cuba, por exemplo, através de Kamchatka. Além do tempo, é muito caro. Além disso, as transportadoras devem ter aeroportos para pouso de emergência na rota, e quase não existem aeroportos devido às sanções da União Europeia e do Canadá”, resumiu a entidade do turismo russo.

Durante a temporada de inverno boreal 2021/2022, várias das companhias aéreas russas optaram por aumentar sua operação no Caribe, devido às restrições sanitárias dos países do Sudeste Asiático, e agora suas operações de longo curso serão significativamente afetadas.

Outro fator relevante é que muitas destas empresas aéreas possuem aeronaves alugadas junto a empresas de leasing europeias. Com as sanções, esses contratos precisam ser desfeitos e os aviões retomados pelas locadoras até 28 de março.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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