América Latina e Caribe lideraram a recuperação da aviação doméstica global em junho, aponta a ALTA

Aeroporto da Cidade do México – Imagem: Boarding2Now, via Depositphotos

A Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA) informa que a América Latina e o Caribe (LAC) voltaram a liderar o ranking mundial de recuperação do tráfego aéreo de passageiros ao transportar, durante o mês de junho de 2023, 29,2 milhões de pessoas, cifra que supera em 1,8% seus níveis pré-pandêmicos.

Esse crescimento foi impulsionado pelo mercado doméstico, enquanto o mercado internacional ficou 2% abaixo dos níveis de 2019, de acordo com o Relatório de Tráfego Aéreo apresentado mensalmente pela Associação.

O Brasil acumula dois meses consecutivos de crescimento, ficando, em junho, 4% acima dos índices de 2019. A rota Congonhas (SP)-Santos Dumont (RJ) foi a ligação doméstica mais importante da região, com 3.158 voos operados entre os dois aeroportos em junho, o que representa um aumento de 24% em relação a 2019.

A Argentina foi o país que mais se destacou na recuperação do tráfego aéreo doméstico, com um crescimento de 16% em relação a junho de 2019. Esse marco está relacionado ao aumento dos voos de e para Bariloche, cidade que teve, durante o mês de junho, seis rotas domésticas diretas e 982 voos operados.

Especificamente, na rota Aeroparque-Bariloche, os aumento de voos foi de 43%, enquanto a rota Ezeiza-Bariloche cresceu 89%. A alta conectividade aérea de Bariloche reafirma sua posição como um dos destinos turísticos mais importantes da Argentina, onde, segundo dados do município, o turismo gera pouco mais de 40% do total de empregos.

Assim, a Argentina (+16%) superou o crescimento do México (+15%) e da Colômbia (+4%). Da mesma forma, o desempenho doméstico da Venezuela e do Chile foi muito positivo, avançando 11% e 8%, respectivamente, sobre 2019.

Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela são os sete países com melhor recuperação doméstica da região em junho. Juntos, representam 94% do tráfego doméstico total na América Latina e no Caribe.

Colômbia à frente em passageiros internacionais

A Colômbia lidera a recuperação do tráfego aéreo internacional. O país se destacou com um crescimento de 40% (483 mil passageiros internacionais adicionais) em relação aos níveis de 2019, impulsionados pelo crescimento do número de voos nas rotas Cali-Miami (+50%), Bogotá-Quito (+49% ), Bogotá-Santo Domingo (+108%) e Bogotá-Madri (+48%).

No total, de e para a Colômbia, foram operados 10.800 voos internacionais em junho de 2023, 13% a mais que em junho de 2019.

O México, por sua vez, teve um crescimento de 12% nos passageiros internacionais, influenciado principalmente pelo aumento da frequência de voos nos mercados de e para a Colômbia (+15%), Espanha (+36%) e Costa Rica (+ 36%). A rota internacional mais importante do México, Cancun-Dallas Fort Worth (EUA), aumentou em 49% o número de voos oferecidos.

Já a República Dominicana cresceu 17%, impulsionada por três mercados internacionais que mais do que dobraram o número de voos em relação a 2019: Colômbia (+149%), Venezuela (180%) e México (+139%). Entre os maiores mercados internacionais que ainda estão atrás de junho de 2019 estão Brasil, Argentina e Chile com 83%, 77% e 84% dos níveis de 2019, respectivamente.

México é líder no 2T23 x 2T19

No segundo trimestre de 2023 (2T23), foram transportados 87,2 milhões de passageiros na região, 1% a mais que no mesmo trimestre de 2019 (2T19). O México manteve a liderança como o país com maior tráfego durante o 2T23, com um total de 29,1 milhões de passageiros transportados e níveis domésticos e internacionais bem acima de 2019.

O Brasil permaneceu 3% abaixo dos níveis pré-pandêmicos, com 26,2 milhões de passageiros transportados no segundo trimestre de 2023. O Brasil enfrenta realidades diferentes em seus mercados doméstico e internacional: enquanto o tráfego doméstico superou os níveis do segundo trimestre em 0,5% com relação a 2019, no caso internacional, permanece 16% abaixo dos níveis pré-pandemia.

Por sua vez, o mercado aéreo da Colômbia transportou 11,4 milhões de passageiros no 2T23, superando em 13% os passageiros de 2019. Como mencionado acima, na Colômbia o crescimento internacional se destacou com 34% a mais do que os níveis do mesmo trimestre de 2019.

No crescimento do tráfego internacional destacam-se países como a República Dominicana (+16%) e a Costa Rica (+11%).

Argentina, Peru e Cuba (o país mais atrasado, tanto no tráfego doméstico quanto internacional) ainda permanecem abaixo dos níveis de 2019. No entanto, na Argentina (+11%) o tráfego doméstico está praticamente recuperado em relação a 2019.

A Venezuela, por sua vez, também ultrapassou o seu tráfego total em 12%, graças ao crescimento doméstico, de 13%. Para o mercado internacional, o país ainda está atrás de 2019, embora se espere uma melhora notável nos próximos meses, graças à reabertura dos voos com a Colômbia.

Panorama global

Enquanto a América Latina e Caribe liderou a recuperação do mercado aéreo em junho, o ranking medido em passageiros por região de origem/destino deixa a região do Oriente Médio em segundo lugar, atingindo 99% dos níveis de 2019, após ter apresentado forte crescimento em maio.

A América do Norte avançou ligeiramente para 96%, a África atingiu 95,3%, caindo para o quarto lugar. O Sudeste Asiático avançou para 91,2% de seus níveis de 2019 e a Europa teve 89,4%.

De maneira geral, todas as regiões do mundo apresentaram desaceleração, enquanto a LAC se manteve em patamares semelhantes a maio, sendo a líder mundial em recuperação do tráfego aéreo.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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