Arriscando ficar sem voar seus caças israelenses, Colômbia envia avião com ajuda para Gaza

A Colômbia está enviando um Boeing 737-700 com suprimentos para Gaza, após o país estar com relações diplomáticas suspensas com Israel.

Divulgação – FAC

A polêmica se iniciou quando Gustavo Petro, Presidente da Colômbia, falou em seu Twitter que as falas do Ministro da Defesa de Israel, Yoav Galant, eram nazistas.

Yoav anunciou um bloqueio total da fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, que também faz fronteira com o Egito, país que também decidiu não abrir a fronteira desde o início do conflito.

“Não haverá eletricidade, nem alimentos, nem combustível. Estamos lutando contra animais humanos e atuaremos em consequência”, afirmou o militar israelense em conferência de imprensa.

Logo depois, Petro foi até a rede social e falou que este era o discurso dos nazistas sobre os judeus: “Os povos democráticos não podem permitir que o nazismo se restabeleça na política internacional. Israelenses e palestinos são seres humanos sujeitos ao direito internacional. Este discurso de ódio, se continuado, trará um holocausto”.

A fala do Presidente da Colômbia repercutiu de maneira negativa, já que nenhum presidente do continente teve declarações parecidas, nem os mais próximos da Palestina e que reconhecem a área como um país de fato.

Mesmo após as críticas domésticas e internacionais, Petro manteve a sua fala e disse que, se fosse necessário, iria cortar relações diplomáticas com Israel. Nesta semana, ele continuou a compartilhar conteúdo pró-palestina, inclusive da mídia estatal russa RT. E o governo de Israel reagiu, subindo o tom e suspendendo o contrato com a Colômbia no âmbito militar.

Esta suspensão afeta especialmente a Força Aérea da Colômbia, a FAC. O país conta com apenas 19 caças, todos do modelo Kfir, produzido pela IAI – Israel Aerospace Industries.

O avião é uma versão altamente modificada do francês Dassault Mirage 5, que, por sua vez, é uma evolução do Mirage III, da década de 60 e que foi utilizado por décadas no Brasil.

Hoje, a FAC está no processo final de substituição dos Kfir por caças americanos Lockheed Martin F-16 Falcon ou o sueco SAAB Gripen NG, porém, até o contrato ser fechado e os novos caças entregues, levará tempo. Assim, sem o apoio da IAI, os Kfir podem ficar no chão em breve, já que a Dassault já não produz há muito tempo as peças que poderiam suplementar os caças colombianos.

Outro jato que poderá ser afetado é o 767-200ER convertido para reabastecimento aéreo (REVO). A FAC tem apenas uma unidade do modelo, que é o único avião capaz de fazer reabastecimento aéreo no país.

A conversão do 767 de passageiros para a versão MMTT também foi feita pela IAI. Logo, os sistemas que permitem o reabastecimento são, em sua maioria, israelenses, e a falta de manutenção e suporte pode levar ao fim da capacidade REVO da Colômbia.

Enquanto a crise diplomática se desenrola, Petro divulgou amplamente o voo com ajuda humanitária que a Colômbia está enviando para Gaza. É esperado que o 737-700 da FAC pouse no Egito e descarregue a ajuda próximo da fronteira, de maneira similar ao que a FAB fez. Porém, a entrada de ajuda ainda depende do governo de Cairo liberar a fronteira com Gaza, o que não tem previsão ainda de acontecer.

Os cidadãos colombianos que moram em Israel já foram evacuados em voos da FAC e de parceiros da Colômbia.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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