Uma aeronave Airbus A380 da British Airways voou de Johanesburgo, na África do Sul, para lugar nenhum na noite de domingo (6), após os líderes de um golpe militar no Níger, na África Ocidental, terem decidido abruptamente fechar seu espaço aéreo. O voo BA-56 deveria cumprir um percurso de 10 horas e meia para Londres-Heathrow, mas os pilotos foram obrigados a mudar de rota devido ao declarado lockdown aéreo.
Uma comitiva do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP) assumiu o controle do Níger depois de derrubar um líder democraticamente eleito, e temeu que uma coalizão liderada pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) pudesse intervir militarmente.
A reação do CNSP foi fechar abruptamente o espaço aéreo do Níger. Mesmo assim, mais de uma dúzia de voos em todo o continente africano foi afetada pelo fechamento do espaço aéreo. Com o revés, as companhias aéreas precisaram recorrer a medidas desesperadas, como voar com combustível adicional, fazer um desvio de rota ou até mesmo voltar à origem.
O voo BA56 foi o exemplo mais dramático – após decolar de Johanesburgo, cedo da noite de domingo, o A380 tinha acabado de chegar ao Chade quando os líderes militares no Níger anunciaram o fechamento do espaço aéreo. Os pilotos então fizeram uma volta de 180 graus e pousaram de volta à África do Sul, decepcionando os 236 passageiros a bordo.
Um segundo voo de A380, também destinado a Londres foi atrasado e estava programado para decolar na tarde de segunda-feira, enquanto um voo da Cidade do Cabo para Londres desviou para Lagos, na Nigéria, para conseguir combustível extra. Outros voos de outras empresas aéreas também enfrentaram desafios similares.
O prazo estabelecido pela CEDEAO para que o CNSP reestabeleça o líder democrático no poder já se esgotou e não está claro se o espaço aéreo do Níger reabrirá em breve. Os aeródromos na África Ocidental não têm recursos para lidar com tanto volume de desvios e cancelamentos, portanto as companhias aéreas estão prestando auxílio a seus passageiros.
