Avião da FAB pousa em ziguezague no aeroporto de Guarulhos para evitar colisão com aves

Reprodução do canal SBGR Live no Youtube

Um incidente de colisão com aves (birdstrike) foi evitado na tarde de domingo (20) no aeroporto de Guarulhos, por uma manobra evasiva dos pilotos de um jato da Força Aérea Brasileira.

Como registrado pelo canal SBGR Live no Youtube, um bando de pássaros acabou por cruzar o caminho de uma aeronave Embraer C-99A da Força Aérea Brasileira durante pouso pela pista 28L.

A gravação do momento mostra o piloto da FAB realizou uma manobra para evitar o impacto. Por fim, o jato retoma seu curso rumo a um pouso seguro, como pode ser visto no vídeo abaixo.

Colisões com aves no Brasil

No ano de 2021 (último levantamento publicado), apenas as associadas ABEAR registraram 692 colisões com fauna no entorno dos aeroportos (além de diversas aves, animais como antas também estão presentes nas áreas de segurança dos aeródromos), o que representa uma média de aproximadamente 2 colisões por dia. Desse total de ocorrências, 13% geraram danos às aeronaves.

A taxa média foi de 24,2 colisões a cada 10 mil decolagens, o que significou um aumento de cerca de 12% em relação a 2019, antes da pandemia. Em torno de 94% dos eventos registrados concentraram-se no aeroporto ou na chamada ASA (Área se Segurança Aeroportuária, um raio de 20 km a partir do centro da pista).

Como os aviões danificados tiveram de passar por manutenção e deixaram de voar, a estimativa é que esse tipo de evento impactou 40.793 passageiros em 2021.

Antigamente, o CENIPA e a Força Aérea Brasileira tinham poder de vetar uma construção ou empreendimento no entorno dos aeroportos que pudesse significar qualquer risco de fauna dentro dos aeroportos, como prédios mais altos do que o normal ou frigoríficos clandestinos, por exemplo, que atraem urubus.

No entanto, em medos de 2012 o CENIPA perdeu essa atribuição devido à Lei 12.725/2012, que transferiu essa atribuição aos municípios. A falta de um Decreto regulamentando em detalhes esta responsabilidade da municipalidade criou um vácuo de atuação no combate a atividades que impliquem na atração indevida de fauna aviária para as regiões dos aeroportos.

O gerenciamento de risco aviário em aeroportos é uma ferramenta importante para mitigar os impactos para o transporte aéreo, aeroportos e controle do espaço aéreo, ressalta o diretor da ABEAR. Ações como o manejo de espécies de aves para lugares distantes dos sítios aeroportuários são uma alternativa em alguns aeródromos.

No entanto, para espécies nativas, é necessário um pedido de autorização das autoridades ambientais para que haja esse tipo de iniciativa, em um processo por vezes moroso.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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