Avião de ministro britânico, que teve falha de GPS, não estava protegido contra interferências eletrônicas

O avião do Ministro da Defesa britânico, Grant Shapps, que sofreu um desligamento do sistema GPS durante o voo perto de Kaliningrado, um enclave russo na Europa, não estava protegido contra interferências eletrônicas (ECM) como medida de economia. O relato é do jornal britânico The Daily Telegraph, repercutido pela agência russa TASS.

Na semana passada, a mesma publicação relatou que os pilotos perderam o acesso ao GPS enquanto o avião transportava o Ministro da Defesa, Grant Shapps, voando para a Polônia e passando pela região de Kaliningrado, e depois voltando pelo mesmo caminho. Uma fonte do jornal no departamento alegou que o incidente estava diretamente relacionado à Rússia, ao conflito na Ucrânia, e à “secreta” região de Kaliningrado.

Embora a mídia britânica tenha apontado a falta de clareza em saber se o avião do ministro era o alvo das ECM russas ou se inadvertidamente entrou em sua área de atuação, a fonte do The Daily Telegraph acusa a Rússia de um comportamento “extremamente irresponsável” que supostamente coloca as vidas das pessoas em risco.

O Ministério da Defesa do Reino Unido apenas declarou oficialmente que situações semelhantes acontecem frequentemente com aviões na região de Kaliningrado, e que “não houve ameaça à segurança da aeronave em momento algum”.

De acordo com a reportagem, foi decidido não equipar dois jatos executivos Dassault 900LX, adquiridos em 2021 para atender as necessidades do governo britânico, do comando militar e da família real, com várias proteções para economizar até £200 milhões (mais de US$ 250 milhões).

Um ano depois, a decisão foi revisada e esperava-se que os aviões recebessem ECM próprias para proteção contra mísseis e fossem equipados com aviônicos militares resistentes a interferências neste ano. O trabalho necessário não foi concluído a tempo, e agora se espera que a reforma de ambas as aeronaves seja concluída em 2026.

Ao explicar sua decisão de economizar na proteção dos aviões, Ben Wallace, o antecessor de Shapps como Ministro da Defesa (2019-2023), afirmou que não se previa que eles fossem utilizados para voos em regiões potencialmente perigosas, onde seria necessário o uso de aviões militares com todas as proteções necessárias.

No entanto, essa abordagem mostrou suas falhas quando, após o início do aumento das tensões no Oriente Médio, ministros britânicos tiveram que voar para Tel Aviv em pesados transportadores militares Boeing C-17 e Airbus A400M, que podem levar a bordo 200 pessoas, juntamente com uma dúzia de assistentes e jornalistas.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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