Moradores de Chicago experimentaram uma queda de neve na noite do último domingo (02), mas ela foi totalmente inesperada. A surpresa foi a falta de grandes sistemas climáticos que causassem esse evento.
De fato, os catalisadores da fina neve que caiu foram os aviões pousando e decolando nos aeroportos de O’Hare e Midway.
Em um tweet do Serviço Nacional de Meteorologia de Chicago (NWS), a queda de neve localizada foi explicada:
Gotas de água na atmosfera não necessariamente congelam a 0°C como no nosso congelador. Sua pureza e forma esférica lá no alto significam que, diferentemente do solo, as gotículas de nuvens podem chegar a -40°C antes de congelar em cristais de gelo.
Essas gotículas, chamadas de “super-resfriadas”, permanecerão como um líquido, a menos que a temperatura diminua ainda mais ou que elas tenham algum estímulo para congelarem instantaneamente. E é exatamente a passagem dos aviões que pode dar ambas as condições.
Pequenas partículas sopradas pelos motores do avião podem virar “pontos de nucleação”, ou seja, algo em que as gotículas super-resfriadas encostem e congelem.
Além disso, à medida que o avião passa pelas nuvens, a redução de pressão que existe na superfície superior das asas esfria ainda mais as gotículas das nuvens, o suficiente para formar cristais de gelo.
Light snow near Chicago? We think this is being caused by airplanes descending into O’hare and Midway airports this evening. Be warned: there’s lots of science ahead in the attached graphic! #science #snow #ILwx pic.twitter.com/L1SFioO631
— NWS Chicago (@NWSChicago) January 27, 2020
Em Chicago, as nuvens baixas acima da cidade estavam em torno de -6 a -8°C, compostas pelas gotículas super-resfriadas.
À medida que os aviões decolavam e pousavam nos dois aeroportos, manchas de precipitação podiam ser vistas nos mapas meteorológicos, mas o NWS Chicago informou que não se esperava que haveria quantidade suficiente de neve para que se acumulasse no solo com a atividade.
Outro fenômeno curioso semelhante
Segundo o WREX.com, a queda de neve induzida por avião ocorre em média quatro vezes por ano. No entanto, quando as condições no solo não são tão frias, ocorre um outro tipo de fenômeno.
Comumente conhecido como “nuvens de perfuração”, ocorre em nuvens de nível médio a alto (como altocumulus e cirrocumulus) que contêm gotículas super-resfriadas e sofrem um processo de congelamento, que pode ser iniciado pelo movimento do avião.
No entanto, em vez dos cristais de gelo formarem flocos de neve e caírem levemente até o chão, eles caem como uma grande faixa descendente, deixando para trás um buraco em expansão na camada de nuvens.
Ao longo de algumas horas, o “buraco de cascata”, como é conhecido, pode atingir mais de 50 quilômetros de diâmetro. Este fenômeno é visto com mais frequência nas proximidades dos aeroportos.
Com cerca de 2400 voos chegando e partindo todos os dias do Aeroporto O’Hare, não é de admirar que os habitantes de Chicago sejam pegos de surpresa com alguma queda de neve causada por avião.