Azul divulga os dados do 3º trimestre de 2023, mas ainda não é possível saber o resultado líquido do período

A Azul Linhas Aéreas divulgou ontem, 14 de novembro, seus dados relativos ao terceiro trimestre de 2023 (3T23), mostrando ótimo desempenho no resultado operacional, porém, ainda sem apresentar o resultado financeiro, não sendo possível, por enquanto, saber o resultado líquido do período (resultado líquido = resultado operacional + resultado financeiro).

Ao apresentar seu balanço de julho a setembro sem o resultado financeiro, a companhia justifica o seguinte:

“Conforme anunciado anteriormente, a Companhia recentemente implementou um plano abrangente de otimização de capital, que gerou novos contratos com praticamente todos seus arrendadores e fabricantes de equipamentos.

Devido ao considerável volume e complexidade de trabalho para assegurar que todos os efeitos desses contratos estejam corretamente refletidos nas demonstrações financeiras, não foi possível para a Companhia e os auditores independentes concluírem esse trabalho dentro de 45 dias após o encerramento do trimestre, que é o prazo exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para uma análise trimestral limitada.

A Azul não espera que sejam necessários ajustes ou alterações nas informações divulgadas. Não obstante, caso seja necessária a realização de quaisquer ajustes, a Companhia manterá o mercado devidamente informado. A Companhia espera completar o trabalho até 30 de novembro.”

Portanto, como explicado pela empresa, até o final deste mês de novembro, já deverá ser possível conhecer o resultado líquido da Azul.

A empresa aérea informou que teve lucro operacional de R$ 957,4 milhões no 3T23, que representa um relevante aumento de 137,1% em relação aos R$ 403,8 milhões do mesmo período do ano anterior (3T22), incluindo um recorde de receita operacional.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também teve boa evolução, registrando R$ 1,551 bilhão no 3T23, alta de 67,7% sobre os R$ 925,1 milhões do 2T22.

A título de comparação, a GOL Linhas Aéreas reportou resultado operacional semelhante, com lucro de R$ 825,1 milhões no 3T23, também com receita operacional recorde, mas seu resultado financeiro foi prejuízo de R$ 2,080 bilhões. Com isso, o resultado líquido do período foi um prejuízo de R$ 1,3 bilhão.

A LATAM, por sua vez, teve lucro de US$ 324,9 milhões no resultado operacional do 3T23, prejuízo de US$ 92,2 milhões no resultado financeiro e, por consequência, lucro de US$ 232,7 milhões no resultado líquido.

Por isso é necessário aguardar até a conclusão da divulgação do resultado líquido da Azul, já que o resultado operacional, embora muito positivo e gerando ótimas perspectivas (tanto que as ações da companhia tiveram relevante alta ontem), é somente parte de resultado líquido das empresas.

Confira a seguir as demais informações divulgadas ontem pela Azul sobre o 3º trimestre de 2023.

Frota

Em 30 de setembro de 2023, a Azul tinha uma frota operacional de passageiros de 181 aeronaves e uma frota contratual de passageiros de 194 aeronaves, com uma idade média de 7,3 anos, sem incluir nestes dados as aeronaves Cessna.

Ao final do 3T23, as 13 aeronaves não incluídas na frota operacional de passageiros consistiam em:

– (i) 4 ATRs subarrendados para a TAP;

– (ii) 3 Embraer E1s subarrendados para a Breeze;

– (iii) 1 ATR e 5 Embraer E1s em processo de saída da frota.

A Azul terminou o 3T23 com aproximadamente 79% de sua capacidade proveniente de aeronaves de nova geração, consideravelmente superior a qualquer competidor na região.

Receita Operacional

No 3T23, a receita operacional total da Azul aumentou R$537,4 milhões, atingindo um recorde de R$4,9 bilhões em comparação com R$4,4 bilhões no 3T22, representando um aumento de 12,3%. A receita de passageiros aumentou 12,4% com uma capacidade 11,5% maior em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em comparação com o 3T19, a receita operacional total aumentou 62,1%.

O PRASK atingiu um recorde de R$39,68 centavos, possibilitado pela gestão racional de capacidade e pelas vantagens competitivas sustentáveis do modelo de negócios. O RASK total atingiu um nível recorde para o terceiro trimestre em R$42,59 centavos. Em comparação com o 3T19, o RASK e o PRASK aumentaram 36,5% e 33,5%, respectivamente.

A receita de cargas e outras totalizou R$335,1 milhões, 10,7% acima do 3T22, dado o crescimento de 6,8% na receita de carga doméstica devido à forte demanda doméstica pelas soluções de logística e pela malha exclusiva.

Custos e Despesas Operacionais

No 3T23, a Azul registrou despesas operacionais de R$4,0 bilhões, em linha com o 3T22 mesmo com um aumento de capacidade de 11,5%, impulsionado principalmente por uma redução de 32,9% no preço do combustível, iniciativas de redução de custos e ganhos de produtividade, parcialmente compensados pela inflação.

A composição das principais despesas operacionais em comparação com o 3T22 é a seguinte:

▪ Despesa com combustível de aviação reduziu 28,1%, totalizando R$1.367,3 milhões, principalmente devido a uma redução de 32,9% no preço do combustível e uma redução no consumo de combustível por ASK como resultado da frota mais eficiente, parcialmente compensada pelo aumento de 11,5% na capacidade total.

▪ Despesas com salários e benefícios aumentaram 10,1%, atingindo R$609,5 milhões, impulsionados pelo aumento de capacidade de 11,5% e por um aumento salarial de 6%, resultante de acordos coletivos de trabalho com sindicatos aplicáveis a todos os funcionários de companhias aéreas no Brasil, parcialmente compensados pela maior produtividade da Azul.

▪ Despesas de depreciação e amortização aumentaram 13,9%, ou R$72,4 milhões, devido ao aumento da frota comparado com o 3T22.

▪ Despesas de tarifas aeroportuárias aumentaram 15,2%, ou R$36,2 milhões, principalmente devido ao aumento de 11,5% na capacidade, especialmente a alta de 46,2% na capacidade internacional, que possui tarifas maiores.

▪ Despesas com passageiros e tráfego aumentaram 23,7%, ou R$40,2 milhões, principalmente devido ao aumento de 6,8% no número de passageiros transportados em relação ao ano anterior, especialmente nas rotas internacionais, que têm despesas mais altas, e devido à inflação no período.

▪ Despesas com comerciais e publicidade aumentaram 4,3%, para R$205,3 milhões, impulsionadas principalmente pelo crescimento de 12,4% na receita de passageiros, levando a um aumento nas taxas de cartão e comissões, e pelo aumento no tráfego internacional, que tem custos de distribuição mais elevados.

▪ Despesas com manutenção e reparos aumentaram R$21,1 milhões versus o 3T22, principalmente devido ao aumento de 5,5% nas horas-bloco e ao maior número de eventos de manutenção no trimestre, parcialmente compensado pela economia obtida com a internalização de eventos de manutenção.

▪ Outras despesas aumentaram R$282,9 milhões, principalmente devido a um aumento de 11,5% na capacidade de passageiros e maiores despesas de treinamento, uma vez que a Azul aumentou operações em relação ao 3T22, além de um aumento nas despesas de TI relacionadas à receita, acomodações de tripulantes, custo adicional de cargas nas operações last mile e aumento das contingências de voo.

Liquidez e Financiamentos

A Azul destaca que as informações abaixo são preliminares e não-revisadas e já incluem o impacto do plano de otimização da estrutura de capital, ou seja, a bem-sucedida oferta de troca e a nova emissão de notas seniores com garantias em julho e as renegociações com arrendadores e fornecedores concluídas em setembro.

A Azul encerrou o trimestre com liquidez total de R$6,7 bilhões, incluindo investimentos e recebíveis de longo prazo, depósitos de segurança e reservas de manutenção.

A liquidez imediata em 30 de setembro de 2023 foi de R$3,5 bilhões, 70,2% ou R$1.428,5 milhão acima do 2T23 mesmo após o pagamento de cerca de R$3,2 bilhões em arrendamentos de aeronaves, amortizações e juros da dívida, diferimentos e Capex.

Essa liquidez imediata representou 19,1% da receita dos últimos doze meses.

O cronograma de amortização da dívida da Azul em 30 de setembro de 2023 é apresentado abaixo. O gráfico converte a dívida denominada em dólares para reais usando a taxa de câmbio do final do trimestre de R$5,01 e inclui a troca bem-sucedida de US$37,7 milhões de seniores sem garantia existentes com vencimento em 2024 por US$36,8 milhões de notas seniores com garantia com vencimento em 2028, concluída em outubro de 2023.

Responsabilidade Ambiental, Social e de Governança (“ESG”)

A tabela abaixo apresenta as principais métricas ESG da Azul, de acordo com o padrão SASB (Sustainability Accounting Standards Board) para o setor aéreo:

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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