Boeing deixa a competição para substituir o “Avião do Juízo Final” da poderosa Força Aérea dos EUA

O segundo Boeing 747 mais importante do mundo pode não ser substituído por outro Jumbo, já que sua fabricante está fora da disputa.

Foto – DepositPhotos

A maior fabricante de aviões dos EUA foi desclassificada da concorrência para substituir o avião E-4B Nightwatch, apelidado de “Avião do Juízo Final”. Este 747-200 altamente modificado é um Centro de Controle de Comando Militar móvel e sempre acompanha o Secretário de Defesa americano em viagens.

A partir dele, é possível coordenar o início de uma guerra ou retaliação a um ataque, incluindo o uso de porta-aviões, armas nucleares e bombardeiros táticos. Por causa disso ele é chamado de “Avião do Juízo Final”, já que o seu uso real normalmente se daria numa guerra nuclear onde o local de pouso não é seguro ou o posto de comando em terra foi comprometido.

O avião sempre foi fornecido pela Boeing, na forma de 4 unidades do 747-200 em 1973, para substituir o EC-135J, outro avião da fabricante modificado para a função de Comando Aéreo baseado no KC-135 (Projeto 367-80 que derivou o 707 de passageiros).

Essa tradição será quebrada agora, já que a Força Aérea dos EUA (USAF) eliminou a Boeing da concorrência, deixando apenas a SNC – Sierra Nevada Corporation – na licitação.

A SNC é conhecida de alguns brasileiros por ser a parceira da Embraer para a montagem do avião de ataque leve A-29 Super Tucano em território americano, que abriu novos mercados para a aeronave brasileira, que chegou a voar até no Afeganistão.

Segundo fontes informaram à Reuters, a Boeing não quis seguir com os termos da USAF para o contrato caso fosse selecionada, incluindo principalmente a questão de valor fixo do contrato.

Nos últimos anos a Boeing tem sido duramente criticada pelo mercado e pelos militares pelos atrasos e aumento de custos nos projetos do KC-46 (o Boeing 767-200 de reabastecimento aéreo) e do novo Air Force One (o Boeing 747-8 presidencial). Este último, inclusive, já foi renegociado por Donald Trump e por ter atingido o teto do orçamento, a Boeing está tendo que gastar o próprio dinheiro para cumprir o contrato.

Por ser uma licitação e um contrato de sigilo mais alto, os detalhes das propostas nunca são relevados, sendo que é comunicado apenas o ganhador e o valor previsto para dispêndio.

Com isso, não é possível afirmar que a Boeing estava oferecendo o Jumbo mais novo, o 747-8, para a USAF, até porque ele já teve a produção encerrada, mas seria a hipótese mais provável junto do 777.

Da mesma maneira a proposta da SNC não é de conhecimento do público, e como a empresa não fabrica aviões próprios, pode incluir mesmo o uso de algum avião da própria Boeing ou até da Airbus.

Mesmo com um único concorrente na disputa, a USAF só anunciará o vencedor do certame no próximo ano. Também não é incomum que os militares cancelem a disputa e/ou mudem requisitos até a fase final.

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Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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