Boeing e aérea moçambicana LAM divergem sobre dívida e caso segue emperrado

Está em andamento uma disputa sobre dívida entre a Boeing e a companhia aérea moçambicana LAM – Linhas Aéreas de Moçambique. A Boeing reivindica um pagamento de US$ 4,5 milhões por atrasos supostamente não resolvidos em relação a um contrato de fornecimento de peças. Em contraposição, a LAM só reconhece uma dívida de US$ 729 mil, referente a aluguéis atrasados.

Em dezembro de 2023, a Boeing apresentou uma fatura alegando que a empresa estatal moçambicana devia reembolsá-la em US$ 3.487.851, justificando que determinadas peças ou itens nunca haviam sido devolvidos ou foram devolvidos tardiamente à Boeing. As autoridades rechaçaram as acusações afirmando que os atrasos eram de responsabilidade dos despachantes e da alfândega.

O caso alcançou a Inspeção-Geral do Ministério dos Transportes e Comunicações de Moçambique, com a Boeing pedindo a devolução de todos os equipamentos e artigos. Enquanto isso, a LAM propôs à Boeing um acordo para pagamento parcelado de suas dívidas, mas a empresa americana negou a oferta.

Paralelamente, a LAM detém crédito de US$ 23,5 milhões com a Boeing relativo a um contrato separado de 2013, montante este que era destinado à aquisição de novas aeronaves e expansão das operações da LAM. Todavia, a Boeing decidiu reter a liberação desses fundos até que a questão da dívida do fornecimento de peças seja resolvida.

Atualmente, a LAM está em uma tentativa de revitalização, após ter contratado a Fly Modern Ark para gerir a companhia aérea nacional. Com base nos dados de outubro passado, a dívida da empresa, que era de cerca de MZN25,28 bilhões de meticais (US$ 400 milhões), diminuiu para MZN18,33 bilhões (US$ 290 milhões).

A LAM e a Boeing ainda não comentaram a disputa em curso.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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